A artista Manoela Medeiros tem uma pesquisa que, de imediato, poderíamos relacionar quase inteiramente a um interesse pela arquitetura, tanto em modos de experimentar o espaço e as estruturas erguidas, quanto em maneiras de subverter as experiências que temos em um lugar.
A passagem do tempo, ademais, é um tema subjacente que emerge em diferentes incorporações, seja em forma de registros poéticos do percurso de deslocamento do sol pela luz que entra pela janela e incide em movimento (como em Indício de Paisagem, de 2015, ou Paisagem Flutuante, de 2016), seja em uma busca pela história passada dos lugares onde trabalha ou onde é convidada a intervir – sua produção envolve, com frequência, intervenções nos componentes arquiteturais dos espaços que ocupa, descascando áreas de paredes e revelando todos os sedimentos acumulados naquela superfície.
Contudo, é igualmente possível afirmar que o interesse da artista reside, de fato, no corpo, e no embate desse corpo com os materiais (algo que pode se dar igualmente na escala humana quanto na escala arquitetônica). A verdade é que Medeiros atua no limiar entre esses dois campos, sem prender-se a formatos rígidos ou a classificações limitantes. Em uma espécie de arqueologia preocupada em encontrar formas distintas de articular as camadas escavadas e desenterradas, em construir ruínas, o corpo de Medeiros é sempre implicado em suas obras, em performances pensadas como ações realizadas perante um público, e em qualquer outro dos trabalhos que dependem dos distintos gestos da artista no enfrentamento da dureza dos tijolos e do cimento, do peso da matéria retirada e da resistência das massas de tinta.
Manoela Medeiros vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formada pela École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris e pela Escola de Artes Visuais Parque Lage, Rio de Janeiro. Entre suas exposições individuais estão: Poeira Varrida, Galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo (2017); Falling Walls, Double V Gallery, Marselha (2017); Instruções para construção de uma ruína, Galeria Casamata, Rio de Janeiro (2015). Entre as mostras coletivas das quais participou destacam-se: Prix Jeune Création, Galerie Thaddeus Ropac, Paris (2017); Ma, curadoria Luisa Duarte, Galeria Luciana Caravello (2017); Arte Pará, curadoria de Paulo Herkenhoff e Marcelo Campos, Belém (2016); In Between, curadoria de Luisa Duarte, Galeria Bergamin & Gomide, São Paulo (2016); Verbo, Galeria Vermelho, São Paulo (2015); 11º Abre Alas, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2015). Medeiros já participou de residências como Pivô, São Paulo (2018); Cité Des Arts, Paris (2018); FAAP, São Paulo (2017); e L’échangeur 22, Saint Laurent Des Arbes (2016).