Como os pintores italianos do quattrocento, o artista José de Souza Oliveira Filho tomou de empréstimo o nome da cidade de seu nascimento, a pernambucana Macaparana. Apesar desse nome bastante musical lhe ter sido amigavelmente atribuído por seu amigo o artista Antonio Maluf e o historiador da arte Pietro Maria Bardi, Macaparana manteve-se fiel à sua origem, filho de alfaiate. Com um senso de espaço tão vigoroso quanto o plano de um padrão de uma vestimenta, de forte construção mental, seu trabalho tem como ponto de partida materiais como o papel e o papelão, suportes favoritos do artista, e que lembram, mais uma vez, sua origem: o avô do artista era fabricante de malas de papelão.
Ao longo dos anos, Macaparana desenvolveu um trabalho que se liberta da segunda dimensão e torna-se uma escultura de metal, ou então transmuta-se em painéis de madeira pintados, cortados, entalhados e perfurados, ocupando as paredes de museus e galerias.
Reunindo uma série de desenhos inéditos, que focam em quarenta anos de prática sobre papel, e confrontando-a a alguns trabalhos de artistas que inspiraram o trabalho de Macaparana, a exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo.
Macaparana: Afinidades
Curadoria: Franck-James Marlot
Abertura: 09/06
Visitação: até 06/08/18; quarta a segunda, 11h-19h
Museu Lasar Segall: Rua Berta, 111, São Paulo. Entrada gratuita