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MAC Niterói inaugura exposição de mulheres artistas

Há mais de uma década, mas especialmente nos últimos cinco anos, temos assistido a uma proliferação no número de grandes exposições institucionais dedicadas às vanguardas feministas, bem como no de…

por Gabriel Caixeta

Há mais de uma década, mas especialmente nos últimos cinco anos, temos assistido a uma proliferação no número de grandes exposições institucionais dedicadas às vanguardas feministas, bem como no de retrospectivas de peso de mulheres artistas (para nos concentramos apenas 2018, podemos mencionar a retrospectiva de Tarsila do Amaral no MoMA, em Nova York, e a exposição “Radical Women – LA/LA”, apresentada inicialmente no Hammer Museum em 2017 e que em breve chega à Pinacoteca). Essas ações denotam não apenas uma maior visibilidade das questões de gênero na produção artística em si quanto, principalmente, um reconhecimento sobre como essas questões influenciam o modo de circulação e institucionalização da produção artística, modo este guiado por critérios que até agora têm largamente privilegiado homens brancos.

É neste contexto de reavaliação e de criação de leituras alternativas às narrativas hegemônicas que constituem aquilo que convencionalmente chamamos de história da arte que o MAC Niterói inaugura, neste sábado 03 de março, a exposição “Anna Bella & Lygia & Mira & Wanda”, composta por mais de 50 obras da Coleção MAC – João Sattamini das artistas Anna Bella Geiger (n. 1933), Lygia Clark (1920-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Wanda Pimentel (n. 1943). A mostra é organizada por Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca, que, desde que assumiram a curadoria do Museu em fevereiro de 2017, têm se preocupado com temas de relevância contemporânea para o desenvolvimento da programação e para a ativação do acervo – atitude essencial para qualquer museu, em especial para um situado em um prédio cuja força arquitetônica constantemente corre o risco de sobrepujar aquilo que é nele exibido.

Mira Schendel e Lygia Clark

Amplamente reconhecidas internacionalmente, tendo inclusive recebido retrospectivas em instituições como MoMA e Tate Modern, Lygia Clark e Mira Schendel são aproximadas pelos curadores por sua preocupação com relações entre imagem e geometria, bem como pelo fato de ambas terem transgredido o plano da representação e passado a ocupar o espaço tridimensional.

A transição do plano para o espaço de Schendel se dá em parte por uma preocupação com as possibilidades plásticas, poéticas e sensoriais da transparência, que já explorava em suas monotipias e Toquinhos em papel arroz, e que parecem alcançar maturidade em instalações como a famosa Ondas Paradas de Probabilidade, com seus Objetos Gráficos e suas Droguinhas. Não podemos deixar de lembrar também de seus Sarrafos, de 1987, a última série que a artista completa antes de sua morte em 1988, com que transgride os limites entre gêneros como pintura, escultura e relevo.

Lygia Clark, uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto, questiona inicialmente os limites do plano pictórico através da integração da moldura como elemento plástico da pintura, já em 1954, e por sua pesquisa do que chamava de “linha orgânica”, que aparece na junção entre dois planos, como a que fica entre a tela e a moldura. Os desdobramentos espaciais do plano são essenciais para séries como Casulos (1959), formadas por placas de metal que ainda se prendiam à parede, e ganham um salto com seus famosos Bichos, esculturas interativas com dobradiças que passa a produzir a partir dos anos 1960.

Anna Bella Geiger e Wanda Pimentel

Uma das precursoras do abstracionismo informal no país nos anos 1950, Anna Bella Geiger também é conhecida por suas experimentações com gravura, vídeo, xerox e Super-8. Na exposição, a artista é representada por sua produção videográfica e por suas pinturas, com destaque para as telas dos anos 1960 em que a palavra exerce um lugar crítico – mesmo que bem-humorado – em sua pesquisa, então influenciada tanto pela nova figuração quanto pelo momento político repressivo.

Wanda Pimentel, por fim, é a única das artistas selecionadas que problematiza a condição do feminino em sua produção, que é essencialmente pictórica. A artista é renomada por sua série Envolvimento, produzida a partir de 1967 e exibida no ano passado no MASP, composta por telas chapadas e de cores fortes em que retrata fragmentos de corpos femininos a elementos domésticos, como eletrodomésticos e móveis. Além das obras de arte, “Anna Bella & Lygia & Mira & Wanda” inclui ainda um documentário sobre Wanda Pimentel dirigido pelo Antonio Carlos Fontoura, de 1972.

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