“Este livro é leitura essencial para qualquer pessoa interessada na interseção entre arte, loucura e terapia e sua relevância para a política contemporânea do cuidado”, escreveu o filósofo Peter Pál Pelbart. De fato, No silêncio que as palavras guardam é um livro que não passa batido quando o assunto é o uso da arte em proposta psicoterápica. O livro lançado neste ano pela n-1 edições traz escritos do artista plástico e psiquiatra pernambucano Lula Wanderley, que tem uma longa trajetória na área, tendo trabalhado com Nise da Silveira, Lygia Clark na Casa das Palmeiras e no Museu de Imagens do Inconsciente.
Os escritos são organizados por Kaira M. Cabañas, professora de história da arte global moderna e contemporânea na Universidade da Flórida, trazendo na capa um desenho de Wlademir Dias-Pino, com quem o autor teve uma relação muito próxima de amizade. Já o título faz referência ao interesse de Lula por uma intersecção entre Lygia Clark e Clarice Lispector, duas figuras que para ele mergulhavam em um “subjetivo muito universal”. Inclusive, os objetos relacionais, os elementos que Clark levava às sessões de Estruturação do Self, têm papel central no livro, que também reflete sobre como seria se Artaud tivesse conhecido o Espaço Aberto ao Tempo.