Gostaria de colecionar arte e não sabe por onde começar? Bom, nossa primeira dica é ficar de olho em todas as matérias do ARTEQUEACONTECE e acompanhar nossa agenda de exposições. Se organize para visitá-las: este é um bom início para você entender o que gosta. Mas enquanto os museus e galerias não abrem, você pode (e deve) ler o livro Collecting Art for Love, Money and More.
Se há uma forma ideal de se inserir num mundo tão específico e cheio de códigos e regras (que são feitas para serem quebradas, claro!) , é por meio dos olhos de verdadeiros insiders: foi pensando nisso que os colecionadores e art advisors Thea Westreich Wagner e Ethan Wagner escreveram este livro oferecendo uma visão privilegiada e acessível, sobre colecionismo, com base em sua vasta experiência no trabalho com colecionadores e instituições de arte contemporânea. Ao longo do livro, a dupla explica por que colecionar arte é uma experiência completamente única que oferece recompensas emocionais, intelectuais e até sociais.
Os autores argumentam que as motivações para adquirir uma obra de arte e construir uma coleção, ao contrário de comprar qualquer outra coisa, podem ser qualquer combinação potente de investimento, amor por estética, desafio, exploração intelectual, status social, busca por adrenalina, construção de ego ou atenção pública.
O que move o colecionador de arte? Esta pergunta simples e essencial abre o livro dividido em 10 capítulos onde os autores abordam questões bastante diretas para você entender como o mercado funciona e como os amantes por arte operam: “a emoção de colecionar arte”; “gosto pessoal e conhecimento”; a “loucura de colecionar arte” ( aqui eles exploram temas importantes como mercado de arte online, a importância de apoiar jovens artistas, a necessidade de um engajamento intelectual, com identificar um trabalho singular e significante e como comprar com convicção); “colecionando de acordo com o seu budget”; “arte e dinheiro” (nesse capítulo entenda como arte virou commodity e pode virar um investimento); “vicissitudes do mercado de arte”; “a relevância de textos críticos”; “exposições públicas e prática curatorial”; “navegando no mercado”; e, finalmente, “construindo uma ótima coleção”. Em cada um dos itens citados acima o casal Wagner levanta uma série de questionamentos que são respondidos com uma série de fotos e textos ou legendas extendidas com muitas informações relevantes, conselhos úteis, além de dividir exemplos reais a partir de suas experiências e notas de bastidores.
“As pessoas começam a colacionar por um número gigantesco de razões: há a cena social; a chance de fazer muito dinheiro; fazer um statement sobre você; e, a paixão pura de responder frente um trabalho de arte. E a palavra “amor” do título aponta justamente para isso: a resposta humana para coisas belas nos chamou atenção. E é claro, muitas vezes, esse amor vira uma doença! O artista Larry Clark compara o colecionismo com vício de drogas: uma vez que a agulha entra na sua veia, ela nunca mais vai sair. Para muitos o colecionismo é uma atividade apaixonante e compulsiva. Você quer ter objetos que significam algo para você, emocionalmente e intelectualmente, e trabalhos de arte geralmente respondem a esta necessidade”, explica Ethan Wagner “Há um mix de sentimentos de descoberta, esclarecimento, orgulho. E também existe a sensação de estar aprendendo sempre. ‘Eu vou comprar um trabalho de arte’ significa ‘eu serei ainda mais esperto’. É uma atividade muito excitante e a excitação nunca se apaga. Na verdade ela cresce: quanto mais melhor!”, completa Thea Westreich Wagner.
Como posso saber se amei uma obra de arte? É importante entender onde o amor ressoa: é em algum lugar entre o cérebro, o estômago e o coração. Esta deve ser a sensação diante de uma obra de arte que você ama, e não seria arte se não fosse indescritível e único. Você vai responder a um trabalho de arte assim quando você entender a intenção do artista e isto acionar algo na sua mente. E isto, de alguma forma, se transforma num sentimento mais emocional. Em outros momentos você pode colapsar na frente de um trabalho e só depois entender o pensamento do artista. De qualquer forma, é a interação entre estas duas experiências [ emocional e cerebral] que fará você se apaixonar por uma obra de arte. A combinação entre alegria, excitação e estímulo é palpável”, explica Ethan. “É aí que começa um intenso caso de amor!”, ressalta Thea. E aí? Pronta para começar essa jornada?