Tem dia que a gente precisa rir um pouco. Se você é um art lover, a melhor forma de fazê-lo é sentar no sofá e ler/ver os cartoons criados pelo artista mexicano Pablo Helguera, entre 2008 e 2009, publicados nos livros Artoons e Artoons 2. Considerado um “antropólogo amador” do mundo da arte, Helguera faz piadas ( com um toque de críticas ácidas) sobre os jogos de poderes e vaidades , as convenções e hierarquias do sistema de arte.
Como bem define o Adrás Szántó no prefácio do primeiro volume livro, Helguera captura com maestria as “ironias, pontos fracos e estupidez ocasional” já presenciadas ou vivenciadas por aqueles frequentam as aberturas de exposições ou as festas e jantares e festas promovidas por colecionadores, galeristas, museus ou até países ( pense no fervo durante a abertura da Bienal de Veneza, por exemplo).
Ninguém escapa de seus traços acompanhados por boas verdades: um jovem artista ou curador, um artista blue chip ou o diretor de um grande museu, uma galerista ou galerina, um colecionador ou um educador. “Os desenhos animados de Helguera preenchem uma lacuna importante. O cartoon raramente é feito e absorvido no mundo da arte (…) Talvez o problema não seja o humor, mas a verdade”, ressalta Szántó.
Na companhia de art dealers e colecionadores algumas coisas não são mesmo faladas. E é melhor deixá-las assim. Tente, sugere o artista, perguntar “por que esta pintura vale 5 milhões?” ou “por que o retrato daquela mulher está pintado de cabeça para baixo” e veja o que acontece! A vida dos artistas também não é fácil sob a ótica de Helguera: sempre inventando explicações esdrúxulas de seus trabalhos, eles podem ser o nome da moda num minuto e ser esquecido por críticos e colecionadores no minuto seguinte. Um livro divertido de etiqueta para quem frequenta a comunidade artística, às vezes irreverente, às vezes até imprudente e sempre genial. Divirta-se!