Pela primeira vez na História, desde que foi criado em 1793, há 228 anos, o Louvre terá uma mulher como diretora-presidente. A novidade foi anunciada na última quarta-feira, 26 de maio, quando o presidente francês Emmanuel Macron nomeou Laurence des Cars, atual presidente do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, para o cargo.
Depois de 8 anos como diretor, Jean-Luc Martinez deixará o posto no dia 1º de setembro para que Laurence assuma. Desde o meio de abril, ele foi designado diretor interino pelo governo, enquanto não era ainda decidido quem ficaria com o cargo, acendendo rumores de que ele continuaria como diretor, já que ele tinha apoio da ministra da Cultura, Roselyne Bachelot-Narquin.
Em um comunicado oficial, o Ministério da Cultura pontuou que a nova diretora terá como missão “reafirmar a vocação universal do primeiro museu do mundo baseando-se no diálogo entre a arte antiga e o mundo contemporâneo”. Na primeira entrevista que deu após o anúncio, para a rádio France Inter, Laurence defendeu que o Louvre pode ser “completamente contemporâneo” e completou dizendo que o museu precisa de perspectivas para sair da crise que tem desestabilizado o setor cultural.
Historiadora de arte e curador geral de patrimônio, Laurence estudou na Universidade Paris-Sorbonne e na École du Louvre, onde atuou também como professora. E não é a primeira vez que ela trabalha com o museu do Louvre, tendo organizado diversas exposições para a instituição ao longo dos anos. Ela tem especialização em arte do século XIX e do início do século XX.
No Musée d’Orsay, ela se tornou curadora em 1994, sendo apontada como diretora em 2017. O mesmo caminho foi seguido no Musee de l’Orangerie, assumiu como curadora-geral em 2011, vindo a ser diretora em 2014.
Ela é bastante conhecida por ter um posicionamento favorável à devolução de obras de arte que foram roubadas pelos nazistas a seus donos originais. Inclusive, teve papel crucial em decisão realizada em março que irá devolver a obra Rosiers sous les Arbres, de Gustav Klimt, aos herdeiros de sua proprietária, de quem foi roubada por nazistas em 1938. A tela estava no Musée d’Orsay desde 1980, quando foi comprada pela instituição, sem saber de seus antecedentes. Era o único trabalho de Klimt no acervo.