Quando que a arte e o jogo se encontram? Uma obra de arte lúdica é alienante? Banal? Gui Teixeira nos prova o contrário. Para o artista paulistano que abre sua individual no próximo sábado, dia 25 de junho, na Galeria Sé, o jogo pode ser uma ferramenta fundamental para construir uma sociedade que se reconheça enquanto coletivo.
Sob curadoria de Galciani Neves, a exposição carrega o título E o Mais Desaparecido é o que Aparecerá com mais força, um micropoema do escritor português Gonçalo M. Tavares que é bastante significativo sobre o momento de vida do artista. Ele que ainda sendo jovem, já tem mais de 20 anos de carreira, com uma grande extensão de exposições e oficinas, “aparece” pela primeira vez numa galeria comercial. Mas além disso, o título místico profetiza mudanças e deixa aberto a interpretações do público, que por sua vez, é bastante incitado na mostra.
Os processos criativos das obras de Teixeira não se restringem ao artista, afinal para ele “quando você está fazendo arte, você está criando a si mesmo”, por isso ele acredita no poder de um público participativo, criando aproximações entre arte e pedagogia, entre o brincar/jogar e a ação política.
Entre os destaques da exposição está a Massagem Social, uma instalação criada há 10 anos, mas que estava guardada na gaveta, é apresentada pela primeira vez em frente à entrada da galeria. Pensada especialmente para o espaço público, ela é composta por dez cadeiras de massagem, dispostas de forma circular. A ideia é que o objeto sugira a ação, e que ao sentarem-se, as pessoas percebem que não estão ali apenas para receber uma massagem, mas também para fazer massagem na pessoa que ocupa a cadeira da frente.
A obra é inspirada em um dos exercícios do livro Jogos para atores e não atores, do diretor de teatro, ensaísta e dramaturgo Augusto Boal. Além do contato físico e do gesto de afeto, que já nos causam certa estranheza depois de passarmos por momentos tão restritos do isolamento social, a obra também propicia uma situação em que o visitante pode sentir-se parte de um todo e que, teoricamente, ele deve fazer para o outro o que quer que façam com ele. “Nos últimos tempos, a gente se embruteceu muito”, explica o artista, “quero que a arte seja um espaço de troca, de crescimento, de fortalecimento e de cura”. A instalação será ativada na abertura da exposição e em todos os sábados, durante o período de visitação.
Além deste trabalho, destacam-se também as telas Atravessamento I e II (2022), onde passagens de ar constituem um corpo e flechas fazem dele um alvo, um campo de direcionamento; Parede para escalar com os olhos (2022), uma instalação de pedaços de madeiras tingidas, diretamente realizada na parede da galeria; e a série de pinturas Oráculo infinito (2022), que apresenta um conjunto de símbolos e abstrações que, segundo o artista, são como espelhos dele e que podem também dizer sobre que as vê.
Serviço
Gui Teixeira: E o Mais Desaparecido é o que Aparecerá com mais força
Local: Galeria Sé
Endereço: Alameda Lorena, 1257, Vila Modernista, casa 2
Data: De 25 de junho a 20 de agosto de 2022
Funcionamento: Terça a sexta, das 12h às 19h. Aos sábados, das 12h às 17h
Ativação da instalação Massagem Social: aos sábados do dia 09 de julho a 20 de agosto, das 12h às 17h
Ingresso: Grátis