Pode uma pintura dançar? Gesto, ritmo e coreografia são palavras usualmente usadas no mundo das performances, mas também podem ser aplicadas em análises de pinturas e esculturas – especialmente se elas são assinadas por Tomie Ohtake. Para comemorar os 20 anos do instituto que leva o nome da artista, os curadores Paulo Miyada e Priscyla Gomes sugerem um novo olhar para a obra de Tomie, refletindo sobre ideias de linha, equilíbrio, movimento e consciência – corporal e de espaço. Para Tomie Ohtake Dançante, selecionaram 45 pinturas da artista, divididas em 3 atos, e convidaram 5 coreógrafos para criar peças em diálogo com a produção de Tomie: Emilie Sugai, Rodrigo Pederneiras, Allyson Amaral, Cassi Abranches, Davi Pontes e Eduardo Fukushima.
Os convidados realizaram ensaios abertos na casa-ateliê da artista, assinada por Ruy Ohtake, que foram gravados e estão disponíveis na mostra. Ao longo da exposição, os mesmos irão fazer apresentações em diferentes áreas do instituto convidando o público a criar também estas conversas.
No primeiro ato, chamado de rasgos e combinações, estão reunidas pinturas da década de 1960, quando Tomie realizava estudos com papéis coloridos retirados de revistas, convites e outros impressos, rasgados à mão e agrupados em pequenas colagens. Com o objetivo de instigar o próprio visitante a ter consciência corporal, os curadores criaram um truque expográfico: o piso da mostra foi revestido por uma camada fina de espuma. “Trata-se de uma sutil quebra da convenção museológica, apenas suficiente para lembrar a cada pessoa que ela também tem um corpo, e que cada movimento depende do encontro do gesto habitual com a consistência do espaço em que se pisa”, ressaltam.
Ao entrar na segunda sala, tatear a matéria, o público vivenciará a experiência da penumbra. A ideia é fazer uma referência às “pinturas cegas” feitas pela artista de olhos fechados, ainda na década de 1960. As obras presentes aqui apontam para noções de densidade, transparência e textura.
O tecido da primeira sala sobra do chão para o teto apresentando o terceiro e último ato, planos e profundidades composto por pinturas produzidas desde a década de 1970 até 2010. Os planos pendentes recebem obras dos dois lados colocando o visitante em deslocamento, sendo ele próprio, agora, coreógrafo e bailarino.
Tomie Ohtake Dançante
Local: Instituto Tomie Ohtake
Endereço: Av. Faria Lima 201
Data: De 16 de novembro de 2022 até 19 de março de 2023
Funcionamento: De terça a domingo, das 11h às 20h
Ingresso: grátis