Diversas instituições artísticas foram alvo ou palco de protestos nos últimos meses, em vários ligares do mundo. Cidades como Londres, Paris, Nova York, Rio de Janeiro e Cidade do México, por exemplo, vem sendo mobilizadas por artistas e ativistas em defesa de diferentes causas.
Na capital mexicana, por exemplo, mães organizaram um protesto no Museu de Arte Moderna para chamar atenção sobre um caso de constrangimento a uma mulher que amamentou dentro de um museu e foi expulsa pelos seguranças do local. O argumento usado pelos funcionários foi absurdo: o museu tinha regras proibindo o público de beber líquido dentro dos espaços expositivos.
Já Londres, no ano passado, testemunhou manifestações contra o patrocínio da petroleira BP a diversas instituições, incluindo a Tate e também o British Museum – um dos protestos foi realizado durante evento de abertura de uma nova exposição no BM. Além disso, diversas ações contra o financiamento que vem da família Sackler vem sendo organizadas no Reino Unido: foram montados protestos, organizados pela PAIN Sackler (fundada e liderada por Nan Goldin) no Victoria&Albert Museum e na National Portrait Gallery que, em seguida, anunciou que recusaria futuras doações dos Sackler. E a NPG não parou por aí. Depois de protestos de ambientalistas, o museu também revisou sua política de patrocínio corporativo e não renovou a parceria com a Shell, empresa de petróleo anglo-holandesa que colaborava com o financiamento da instituição há mais de 10 anos.
A cidade de Paris também não passou incólume aos protestos organizados pela PAIN Sackler, mas sofreu mesmo com a greve no Musée du Louvre que aconteceu na semana passada. Na última sexta-feira, um dos mais importantes museus do mundo fechou as suas portas em consonância com uma onda de greves e manifestações que vem sendo organizadas na França nos últimos meses por causa das reformas econômicas propostas pelo governo.
E também Nova York não podia ficar de fora. Um dos pólos da arte contemporânea mundial foi palco de polêmicas envolvendo um dos membros da diretoria do Whitney Museum, Warren Kanders – que, depois da pressão de diversos artistas participantes da Bienal do Whitney e de ameaças de boicote à exposição, pediu demissão de sua posição e deixou o museu. A revolta dos artistas se deu pelo fato de Kanders ser sócio de uma empresa que fabrica gás lacrimogênio usado em dispersão de multidões e contra imigrantes nas fronteiras dos Estados Unidos. Agora é o MoMA PS1 que está sendo alvo de uma polêmica similar. Mais de 30 artistas que estão participando de uma coletiva sobre as guerras no Golfo Pérsico (com um recorte temporal entre 1991 e 2011) organizaram um abaixo-assinado exigindo que a instituição rompa laços com apoiadores e patronos que tenham participação em contratos de defesa ou que estejam envolvidas de alguma maneira com as guerras no Oriente Médio. A carta aberta menciona especificamente um membro da diretoria, Leon Black, que tem participação em uma empresa de segurança privada chamada Blackwater, sabidamente envolvida em massacres de civis no Iraque.
“We call on PS1 to stand by its stated mission and, together with MoMA, take a truly radical position by divesting from any trustees and sources of funding that profit from the suffering of others“, diz a carta, pedindo que o PS1 se mantenha fiel à sua missão e que, junto com o MoMA, desliguem esses diretores e apoiadores da instituição.