Ingrid Bittar nasceu no Rio de Janeiro, em 1989, e sua produção visual teve início em 2012, já investigando as possibilidades da colagem. A artista sempre parte de imagens encontradas em livros, mas também eventualmente em revistas, catálogos de exposições e outros materiais impressos. Suas primeiras séries eram profusas composições repletas de elementos ora destoantes, ora ajustados, sempre em pequeno formato; havia muito pouco ou nenhum espaço para o vazio. Com algum tempo de produção, os recortes foram diminuindo e o nível de complexidade das colagens aumentou consideravelmente.
Alguns elementos que já se repetiam continuam a mostrar-se com frequência: figuras religiosas, arquiteturas e ambientes internos, flores, plantas, pássaros e outros animais povoam as colagens em combinações das mais variadas. Além disso, partes de corpo, objetos inanimados, e referências à história da arte (como personagens pintadas no notório retábulo de Jan Van Eyck ou a Vênus de Boticelli) também compõem as minuciosas articulações de Bittar, que cria quimeras surreais e cenas tão insólitas que, por mais bizarras que pareçam, são perfeitas e fazem sentido dentro da lógica das obras. Em séries mais recentes, a artista passou a empregar fundos neutros, com as figuras destacadas contra segundos-planos brancos ou pretos, aventurando-se também em dimensões mais ambiciosas e composições mais intrincadas e delicadas.
Por fim, a dimensão doméstica e a esfera do feminino se colocam como assuntos evidentes ou presentes no subtexto das obras, reiterados até hoje. Desde 2015, a pesquisa de Bittar também se desdobrou em outros suportes, ampliando o escopo do trabalho. Buscando alternativas à colagem, começou a realizar pequenos bordados, que à primeira vista poderiam parecer distantes da matéria fundamental de sua produção, o papel, mas que se constituíram como uma consequência natural do processo: a técnica lida diretamente com a esfera do doméstico, do feminino, e os assuntos escolhidos também ecoam esse universo.
Ingrid Bittar graduou-se em Desenho Industrial pela PUC-Rio e foi aluna da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2014, foi selecionada para o 89plus sediado no MAM-Rio, organizado por Hans Ulrich Obrist e Simon Castets. Seu trabalho integra a coleção Gilberto Chateaubriand e o acervo permanente do MAM-Rio, tendo sido incluído em duas exposições no museu; “Novas Aquisições 2012 – 2014” e “Ver e Ser Visto”. Em 2016 foi indicada para o Prêmio PIPA.