Conheça Gustavo Nazareno que abre sua 4ª individual internacional

Em sua prática, o brasileiro representa os Orixás como figuras gloriosas na arte contemporânea

por Diretor
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Gustavo Nazareno, Eshu, 2024. Cortesia Cassina Projects

“Star of a Hero” marca a sexta mostra individual de Nazareno, sendo sua quarta internacional, apresentada na Cassina Projects, em Milão. Posicionando seu mais recente conjunto de obras contra a arquitetura imponente do andar superior da galeria, a exposição faz referências à pintura homônima de 1936, criada por Nicholas Roerich (1874-1947), figura lendária cujos estudos abrangiam antropologia, etnografia, ocultismo, arqueologia, teosofia, além da arte e pintura ao longo dos séculos XIX e XX.

Natural de Três Pontas, Minas Gerais, e atualmente residente em São Paulo, o artista tem se destacado como um nome ascendente na cena artística contemporânea brasileira. Sua produção é marcada por um profundo interesse espiritual e visual nos Orixás – divindades veneradas em religiões brasileiras como o Candomblé e a Umbanda, bem como em outras religiões da diáspora africana relacionadas aos iorubás.

Trabalhando com pintura a óleo e desenho em carvão sobre papel, Nazareno cria um universo poético onde forças híbridas, espíritos ancestrais e figuras mitológicas atuam como mediadores entre o mundo humano e o divino. Concebidas como oferendas ao panteão dos Orixás, suas pinturas iluminam de maneira não hierárquica o vasto repertório pictórico do artista.

Nazareno combina pinceladas fluidas e composições cinematográficas que revelam elementos da retratística renascentista e da pintura religiosa tradicional. Os tecidos suntuosos que envolvem suas figuras conferem uma aura divina, onde noções binárias, como sagrado e profano, vida e morte, humano e natureza, corpo e alma, dançam em suas telas. Ele utiliza contrastes marcantes entre as cores escuras das peles de seus personagens e fundos opacos, criando contornos delineados que revelam uma técnica precisa e uma extensa compreensão da anatomia humana, aprimorada por meio de estudos autodidatas desde muito jovem.

Os Orixás são retratados como figuras gloriosas em suas obras, onde tradições africanas, rituais brasileiros, espiritismo e catolicismo se entrelaçam. No cerne de sua produção está Exu, Orixá das encruzilhadas, das dualidades e das comunicações, frequentemente associado à sexualidade e à virilidade. Este é um tema recorrente na produção artística de Nazareno, evidenciado, por exemplo, na série “Bará”, composta por cerca de 400 desenhos em carvão. No entanto, outras entidades como Maria Padilha, Oxumaré, Iemanjá, Oxóssi, Ossain, Omolu e Preto Velho também podem protagonizar suas telas.

Gustavo Nazareno, Maria Padilha, 2021

Por meio de um jogo de luz e sombra, Nazareno reflete sobre os atributos heterogêneos da identidade e os contornos nebulosos da experiência terrena, confrontando a persistência das narrativas colonialistas.

Com uma carreira em ascensão, o artista mineiro já exibiu suas obras em importantes instituições como o Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, em São Paulo, o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), em Recife e a Gallery 1957, em Londres, entre outras. Além de suas mostras individuais, Nazareno participou de coletivas importamtes, como “Dos Brasis” no Sesc Belenzinho em 2023 e “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” no CCBB SP em 2024.

Além da exposição em Milão, que segue em cartaz até 19 de julho, a obra de Nazareno pode ser conferida na itinerância de “Dos Brasis” no Sesc Quitandinha, Rio de Janeiro, até 27 de outubro.

Gustavo Nazareno, Exu em caminhada para o silêncio, 2022. Cortesia Cassina Projects

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