Para quem estiver em Berlim aproveitando a intensa e extensa programação cultural da cidade (o ano todo!), ou viajando para conhecer uma das capitais mais incríveis da Europa, a equipe do ARTEQUEACONTECE preparou um roteiro de atrações imperdíveis, às vezes até pouco conhecidas, que valem a pena visitar!
Comece separando alguns dias para poder percorrer todos os pontos obrigatórios para quem gosta de arte contemporânea: Berlim é um dos lugares com a maior oferta de exposições, performances, instalações e todo tipo de programa fascinante. São mais de 170 museus e outros tantos incontáveis espaços independentes.
Para além de visitas que todo guia de viagem indica à “Ilha dos Museus”, ao Hamburger Bahnhof ou à East Side Gallery (mural de graffiti de mais de 1km de comprimento), não deixe de fazer uma parada na cervejaria abandonada que foi transformada em espaço artístico. O KINDL é mais conhecido pela oferta abundante de exposições e projetos em suportes mais inusuais, como performances e screenings de filmes e vídeos de artistas. Em cartaz até 15/07/18 está a exposição do duo de artistas suíços Taiyo Onorato & Nico Krebs. Em agosto o espaço também recebe a 30a edição do fantástico festival internacional Tanz im August, repleto de performances, peças de dança e ópera.
Um “segredo” não muito bem guardado da cidade é o Bunker, conhecido como a Boros Collection, uma coleção particular de arte contemporânea que pode ser visitada com agendamento prévio. As obras em exposição datam dos anos 1990 até o tempo presente, e ocupam um antigo bunker de guerra convertido em espaço expositivo. As visitas precisam ser agendadas com antecedência por aqui, e custam €15.
Outra grande instituição que pode passar sob o radar dos guias mais gerais é o KW Institute, uma organização que não possui coleção própria mas sim um surpreendente programa de projetos e exposições. O centro cultural é formado por diversas salas expositivas diferentes, com uma programação super variada. Desde sua criação há mais de 20 anos, o KW também organiza performances, cursos e eventos nacionais e internacionais, com o programa de residências tendo muito destaque nos últimos tempos. Este semestre, o espaço é uma das instalações da Bienal, mas também há outros projetos em cartaz, como a instalação inédita de Lynn Hershman Leeson, “The Novalis Hotel“.
Já o SAVVY Contemporary é um dos mais importantes espaços independentes da cidade. Fundado em 2010 pelo curador Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, o SAVVY opera como um laboratório de experimentação, espaço artístico, plataforma discursiva e espaço de convivência. O objetivo do projeto é desconstruir narrativas hegemônicas a partir de reflexões sobre os poderes dos sistemas dominantes. O SAVVY tem como centro de suas atividades a urgência de deliberar, experimentar e vivenciar as questões de convivência e hospitalidade, lidando com problemas tão históricos quanto atuais, como xenofobia e violência racial e de gênero. Em cartaz os visitantes encontrarão duas potentes reflexões sobre esses assuntos: a exposição “Whose Land Have I Lit on Now?”, com participação de artistas como Mounira Al Solh, participante da última edição da documenta de Kassel, e o projeto de pesquisa sobre o feminismo “We Who Are Not The Same“.
Entre uma passada e outra nos monumentos marcantes do lugar, como o portão de Brandemburgo e a Alexanderplatz, Berlim também oferece uma das maiores concentrações de galerias de arte do mundo! Não perca a chance de visitar a Capitain Petzel, não apenas pela arquitetura modernista soviética do prédio que a galeria ocupa, mas principalmente pelo programa primoroso e pelo rol de grandes artistas representados. A galeria é resultado da fusão entre dois galeristas: o americano Friedrich Petzel e a alemã Gisela Capitain. No próximo dia 22/06/18, o espaço abre a mostra “Open Secret“, da artista e ativista Andrea Bowers.
Já a König Galerie apresenta o ambicioso projeto da jovem artista suíça Claudia Comte, “When Dinosaurs Ruled the Earth”, um ambiente imersivo composto por árvores, esculturas, e uma vídeo-instalação que ocupa o espaço de uma nave de igreja. A mostra reúne aspectos múltiplos do denso trabalho de Comte, principalmente o uso de materiais diversos como bronze, madeira, e mármore. A artista empregou tecnologias defasadas e superadas em seus trabalhos, ao mesmo tempo que criava formas e linguagens contemporâneas.
Por fim, uma galeria imperdível é a Barbara Wien, que está com uma mostra da mexicana Mariana Castillo Deball em cartaz. Intitulada “das Haut-Ich”, a exposição explora a relação entre entidades de superfície – o cérebro e a pele –, emprestando do psicanalista francês Didier Ansieu os termos e seus conceitos. Deball traz para a galeria uma nova série de esculturas, desenhos e intervenções que traçam um paralelo entre o corpo e a forma com que medimos o tempo e o espaço, tomando como ponto de partida um antigo calendário asteca.