O mercado de obras de cripto arte no Brasil tem tido uma expansão nos últimos meses. Algumas galerias já chegaram a apresentar obras em NFT (token não-fungível) em feiras pelo mundo e artistas também tomaram as rédeas de sua produção e buscaram plataformas de venda para adentrar esse mercado. Agora surge uma plataforma nacional de marketplace de obras de cripto arte e coleções digitais, que ainda por cima se propõe a fazer o registro em NFT do que estiver indo à venda.
Essa plataforma é a Tropix, liderada pelo empresário Daniel Peres Chor, que foi oficialmente lançada no início de agosto e já tem parceria com artistas e também com galerias. O canal ensina o passo a passo para quem quer começar a colecionar arte digital em NFT, começando por explicar o que é o token não fungível, ensinando também o que é uma carteira digital, criptoativos e opera-los. Os interessados também aprendem sobre segurança e, claro, sobre como fazer para adquirir uma cripto arte.
Um diferencial da Tropix para outras plataformas que embarcaram no universo das NFTs é que ela faz parceria com galerias. Isso acontece porque, segundo o canal, querem querem fortalecer um mercado que já existe, oferecendo sua expertise em tecnologia e inovação: “Nosso objetivo é estender a relação profissional a um novo universo, onde os interesses, direitos, e autonomia do artista estão firmemente garantido”.
Outro ponto da plataforma é o fato de que, tendo a consciência do consumo de energia (emissão de carbono) que gerar NFTs demanda, decidiram por criar um sistema de “descarbonização”. Isso acontece através de reflorestamento de ecossistemas brasileiros: “Baseando-se em cálculos feitos pela equipe técnica da plataforma, verificamos o gasto de cada um dos lançamentos de crypto arte e absorvemos o custo do reflorestamento”.
A Galeria Leme é uma das galerias que fizeram parceria com a Tropix. O gerente de processos da casa paulistana, Franco Leme, é engenheiro com especialização em blockchain, mas cresceu rodeado por arte. Quando o conceito de NFT art começou a rodear o mundo, soube que teria ali, unidas, duas coisas que o interessavam muito. “Adoro os dois, nunca achei que ia poder trabalhar com os dois ao mesmo tempo. Pensei que se a vida me desse essa oportunidade eu abraçaria com toda certeza”, ele comenta.
Quando o conceito surgiu, ele passou a ter contato com profissionais estrangeiros que já trabalhavam com isso, tendo em vista que esse mercado demorou um pouco para ser compreendido aqui no Brasil. “Estávamos tentando parcerias com plataformas do exterior, de Nova York. E no momento que eu estava conversando com esse pessoal, a Tropix entrou em contato conosco”. Franco dá um exemplo do porquê ter essa opção de gerar um NFT para a obra de arte é interessante, podendo sanar algumas deficiências mercadológicas que existem.
O segundo lançamento de obra da Tropix foi de um artista da Leme. As obras ERRATUM 1 e ERRATUM 2, de Eduardo Kac, foi colocada na plataforma. Kac é um artista que já trabalha com obras digitais, tendo trabalhos assim no MoMA e na Tate. As duas obras foram vendidas e, ainda por cima, em um preço mais alto do que o valor mínimo proposto inicialmente pela plataforma. O sucesso da venda fez com que Franco percebesse que talvez o Brasil já tivesse uma demanda por esse novo mercado, o suficiente para ter um projeto em torno disso, não apenas vendas sazonais. Foi aí que decidiu criar a Leme NFT, um braço da galeria, um projeto que “comercializa obras de arte em formato de NFT, e busca se posicionar como uma nova via para abrigar e fortalecer o trabalho dos artistas e dessa forma de produção”. Para esse projeto, a galeria terá como carros-chefe inicialmente obras de Vivian Caccuri, João Angelini, Eduardo Kac e Gustavo Von Ha. A parceria com a Tropix, porém, irá continuar, com um lançamento por mês na plataforma do canal e tendo o sistema deles sendo utilizado para fazer outras vendas de obras em NFT será através da Leme NFT. “Eu prefiro pagar esse dinheiro para a Tropix e deixar esse dinheiro fomentando aqui no Brasil, primeiro porque eles são carbono zero e segundo porque parte da renda que eles captam volta para o mercado de arte nacional”, afirma Franco.
A galeria Verve também é parceira da Tropix, tendo essa colaboração iniciada com a obra Distrópicas #1, de Giselle Beiguelman. Sócio diretor da galeria, o arquiteto Ian Duarte Lucas comenta: “Em tempos de grande especulação sobre o futuro da arte digital, nos chamou a atenção o fato de que a Trospix se propôs a criar uma plataforma que conta com um time curatorial norteando os projetos, oferecendo obras que contam com pesquisa séria e consistência artística”. Ele explica também que a escolha por iniciar essa nova proposta com uma obra de Beiguelman se deu pelo fato de que há décadas a artista pesquisa e trabalha o universo digital. Portanto, fazia todo sentido começar a adentrar esse novo mercado com trabalhos da artista.