Com sua vasta atuação e pesquisa na promoção das artes contemporâneas de autores negros, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung é nomeado curador-chefe da 36ª Bienal de São Paulo, prevista para acontecer no segundo semestre de 2025.
“Dizer que estou feliz por ser nomeado curador geral da Bienal de São Paulo seria pouco. Estou emocionado, honrado e grato por embarcar nessa jornada com um time de cocuradores e com a brilhante equipe da Bienal de São Paulo liderada pela presidente Andrea Pinheiro”, Ndikung comenta em nota para a Fundação.
O curador expressou admiração pelo evento brasileiro, afirmando que além do renome mundial, como “uma das bienais mais antigas e importantes do mundo”, é também um exemplo na democratização e acesso das artes, se destacando pela política de entrada gratuita, que vai na contramão de tantas outras bienais pelo mundo. A observação do pesquisador é respaldada pelas itinerâncias promovidas pela Fundação desde 2011 e pelos programas públicos e pedagógicos que moldaram a história da mostra. “Ela provou ser uma bienal do povo e para o povo nos últimos 73 anos”, ele sintetiza.
Em sua declaração, Bonaventure ainda reforça a relevância societária da realização da mostra: “Apesar dos desafios enfrentados pelas bienais ao redor do mundo, elas ainda servem como importantes barômetros que medem as pressões sociopolíticas globais. A Bienal de São Paulo me parece um sismógrafo que não apenas registra os diferentes tremores que o mundo está experimentando socioeconômica, geopolítica e ambientalmente, mas esses registros também nos oferecem possibilidades de moldar um futuro mais justo e humanitário para todos os seres animados e inanimados deste planeta.”
O camaronês radicado em Berlim é um dos gigantes no cenário internacional das artes visuais, cujas contribuições abrangem uma ampla gama de atividades culturais e curatoriais. Em 2009, ele fundou a plataforma SAVVY Contemporary em Berlim, Alemanha, que se tornou um ponto de encontro vital para diálogos interculturais e experimentações artísticas. Sua expertise como curador o levou a assumir papéis importantes em eventos de prestígio, como a Documenta 14, em 2017; a Bienal Dak’Art, no Senegal, em 2018; bem como da Bienal de Veneza, onde além de ter curado o Pavilhão Finlandês em 2019, foi membro do júri na edição de 2022. No início do ano passado, Ndikung assumiu a direção do Haus der Kulturen der Welt (HKW) em Berlim, se tornando o primeiro líder negro da instituição.
Além de sua proeminência no cenário internacional, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung também tem uma conexão especial com a arte brasileira, demonstrando um compromisso significativo com sua promoção e valorização. Entre suas contribuições, envolvendo palestras, pesquisas e curadorias realizadas no país, vale destacar a realização da mostra “Abdias Nascimento – Being an Event of Love” no Stedelijk Museum em 2022, a maior já dedicada à obra do artista brasileiro em território europeu.