Prepara: Artistas da América Latina e do Caribe irão dominar as ruas do sul do Bronx! Mas como assim? Explicamos: o Latin American Foto Festival, organizado pelo Bronx Documentary Center, geralmente ocorre parcialmente em ambientes fechados, com exposições nas próprias galerias do centro e em outros espaços que atualmente estão fechados. No entanto, este ano, aprendemos a ver muitos novos normais e, para os diretores da instituição, a nova regra parecia óbvia: se não podemos nos encontrar em locais fechados, vamos para a rua.
Neste ano, a fim de limitar a disseminação do coronavírus, as obras serão exibidas exclusivamente como banners e projeções externas em larga escala nas calçadas, jardins comunitários e exteriores de escolas em todo o bairro.Mais da metade da população do Bronx é de origem hispânica ou latina, e o formato urbano não convencional da exposição permite um profundo envolvimento e diálogos entre os artistas e seus arredores.
Com curadoria de Michael Kamber e Cynthia Rivera, a terceira edição do festival anual apresenta trabalhos de artistas que pesquisam questões sociais da região – como a fotógrafa porto-riquenha Adriana Parilla, cujas imagens refletem sua identidade afro-latino-americana ou o chileno Eric Allende, co-fundador da agência de documentários Migrar Photo, que registrou os recentes levantes do país. Vale conferir, ainda, as imagens de dor e beleza num país abalado pela pobreza e violência expressas pelo olhar da venezuelana Adriana Loureiro Fernández. A brasileira Luisa Dörr emoldura personagens dos rodeios brasileiros, enquanto o colombiano Jorge Panchoaga apresenta a série Detrás de la Montaña – uma jornada visual pelas comunidades indígenas do Valle del Cauca, no lado do país que encontra o Oceano Pacífico. Interessantíssimo também é o projeto Payasos de Coatepec, no qual Luján Agusti retrata os palhaços de Veracruz, México. Há, ainda, o coletivo COVID LATAM, de 18 membros, dedicado a documentar o impacto do vírus na América Latina. Se você não está em Nova York, poderá conferir uma série de painéis de discussão on-line, passeios e workshops virtuais.
Milhares de residentes locais terão, portanto, contato com imagens de outros territórios que podem trazer reflexões diferentes ou a memória de suas próprias origens…e tudo a céu aberto tirando a arte das paredes brancas do museu. Uma belíssima forma de unir arte e vida.