O que nos move? O que ainda nos move em tempos tão sombrios? O desejo e vontade de viver…que pulsa de forma carnal, mental e instintiva. A percepção da nossa fragilidade perante um vírus fatal e invisível como o COVID-19, fez com que muitos valorizassem ainda mais o apetite pela vida.
Com o objetivo de investigar as as múltiplas facetas do desejo, a Fortes D’Aloia Gabriel reuniu obras de 14 artista na Carpintaria, filial carioca da galeria. A peça central de Pulse é Tropics: Damned, Orgasmic and Devoted, criado por Rivane Neuenschwander este ano. Trata-se de um desenho de 4 m de comprimento que descreve criaturas antropomórficas entrelaçadas em um empurra empurra brutal. Falos, vulvas e outras partes do corpo lutam em poças lamacentas de sangue, fazendo referência ao estupro e ao derramamento de sangue como práticas formativas da miscigenação racial brasileira. Como o próprio título anuncia, o cenário é tropical e colonial. A ideia é dissecar o contexto nacional que é “orgásmico, quando o papel da fantasia exótica é projetado sobre seu povo; e dedicado, ao longo da história, a movimentos religiosos duvidosos”, ressalta o texto de apresentação da coletiva.
Outro destaque é a obra No More Secrets, também produzida esse ano por Yuli Yamagata, que retrata uma língua carnuda e rosada lambendo o lóbulo da orelha. A jovem artista usa tecidos sintéticos macios e multicoloridos que são costurados formando uma imagem gráfica. Colagem, degradação e deformação são gatilhos para questões de gosto, consumo e autoimagem.
Implicando também noções de sexualidade, um raro tríptico vintage de Alair Gomes capta os códigos de masculinidade, interação e intimidade entre homens, vistos em corpos atléticos de jovens na praia do Rio de Janeiro. Apesar do distanciamento físico de seus sujeitos – as fotos foram tiradas da janela de seu apartamento em Ipanema – e da representação formal dos mesmos, Gomes faz com que o objeto de desejo, no caso o corpo masculino, pareça tangível.
Entre os artistas participantes estão Efrain Almeida, Leda Catunda, Jac Leirner, Rivane Neuenschwander, Janaina Tschäpe e Yuli Yamagata – que produziram novas obras para a ocasião -, além de nomes como Alair Gomes, Sergej Jensen, Robert Mapplethorpe, Ernesto Neto, Adriana Varejão, Rodolpho Parigi e Bárbara Wagner & Benjamin de Burca.
A exposição que pode ser visitada fisicamente de acordo com as normas de segurança para evitar o contágio do Covid-19 e é também o projeto para a galeria na Frieze que acontece entre hoje e domingo.
Pulse
Data: 7 de Outubro até 24 Outubro 2020
Local: Carpintaria
Endereço: Rua Jardim Botânico 971, Rio de Janeiro