Filmes AQA: Fake Art – Uma História Real

Documentário na Netflix aborda a maior fraude de arte que aconteceu nos EUA, quando telas falsas de artistas como Pollock e Rothko foram vendidas por US$ 80 milhões

por Jamyle Rkain
3 minuto(s)

“Enquanto a arte for vendida por muito dinheiro, veremos fraudes em grande escala”. A frase dita por Jason Hernandez, ex-promotor de justiça de Nova York, no final do documentário
Fake Art: Uma História Real (Made You Look: A True Story About Fake Art, no original) é uma das reflexões que o filme nos traz. Dirigida por Barry Avrich, esta produção traz à tona um dos casos mais emblemáticos de falsificação de obras de arte do mundo, sendo o maior escândalo desse tipo que aconteceu nos Estados Unidos.

Lançado em abril de 2020, o filme entrou no catálogo da Netflix apenas no finalzinho de fevereiro e já causou um bom reboliço plantando sementinhas da dúvida sobre a autenticidade de grandes obras de arte que conhecemos! Isso porque ele fala sobre como, começando em 1994, uma suposta art dealer de Long Island conseguiu convencer a diretora de uma das mais cultuadas galerias de Nova York a vender obras falsas de grandes pintores do expressionismo abstrato.

Uma pintura falsa atribuída a Pollock.

Com uma série de entrevistas com pessoas que estiveram envolvidas na situação na época ou pesquisaram o caso a fundo ao longo dos anos, o filme não busca dar um encerramento ao que aconteceu. Estão entre esses entrevistados advogados, jornalistas, críticos de arte, colecionadores, historiadores da arte, gestores de instituições. Cada um deles faz seu próprio julgamento sobre o ocorrido, o que vai influenciando o julgamento que o público irá dar ao final. Mas qual seria esse julgamento?

Bem, o documentário expositivo carregado de mistério, investigação e um tanto de humor ácido e cheio de cinismo abastece o espectador de informações que o fazem questionar o tempo todo se Ann Freedman, diretora da Galeria Knoedler, foi cúmplice dos falsificadores ou não. Ela clama o tempo todo por sua inocência. Isso porque as pessoas que foram lesadas nesta fraude creem que ela devia receber sanções maiores pelo que ocorreu, como estar presa, por exemplo.

Para além dos questionamentos mais diretos, também faz pensar muito sobre como às vezes os agentes do mercado da arte, dos galeristas aos colecionadores, se deixam ser tão rasos que facilmente podem ser enganados. Pessoas que assistiram ao filme pontuam em suas redes sociais, por exemplo, que colecionadores que não pediram evidências empíricas da veracidade das obras (como uma avaliação forense) não são também tão inocentes assim.

Fraude atribuída à Mark Rothko, que iniciou toda a história.

O caso é o seguinte: no início de 1994, um funcionário de confiança de Freedman apresenta à ela uma amiga chamada Glafira Rosales, que dizia ser uma pequena art dealer. Ela leva à galeria uma pintura que diz ser de Mark Rothko. De acordo com ela, essa e outras dezenas de pinturas de artistas famosos pertencem a um colecionador suíço que não queria se identificar e foram compradas por ele por um valor muito baixo na época.

Por uma série de fatores históricos que pontua durante suas participações no documentário, a galerista acredita na veracidade da situação. A partir daí, Freedman leva a obra de Rothko para que especialistas ligados à arte avaliem. Os profissionais também caem na fraude, deixando-se levar por uma falsificação quase perfeita, e atestam em suas avaliações que tudo leva a crer que a obra é, sim, original.

Esse processo se repete com mais de quarenta outras obras, dentre as quais estavam telas falsificadas de Jackson Pollock, Willem de Kooning, Robert Motherwell, Barnett Newman, Franz Kline, dentre outros. No caso de Robert Motherwell, Freedman evoca uma confirmação que ela tinha “pessoalmente”. Segundo ela, a pintora Helen Frankenthaler, que foi casada com o artista durante 13 anos, havia dito que a obra era sim dele.

Ann Freedman durante a gravação do documentário.

No final de 2011, quando a galeria fechou as portas, o escândalo veio à tona. Todas as obras foram, na verdade feitas pelo pintor chinês Pei-Shen Qian, um mestre da fake art. Foi por causa de um detalhe minucioso em uma das obras (não vamos contar aqui para não dar spoiler!) que todo o esquema veio à tona. O detalhe foi percebido por Jack Flam, da Dedalus Foundation (criada por Motherwell), após o negociante particular Julian Weissman procurá-lo para opinar sobre uma pintura. Decidiram, então, levar esse trabalho e mais um para avaliação forense. Não houve dúvida: eram 100% falsos!

Esse e vários outros detalhes foram percebidos em seguida em vários dos outros trabalhos. Além de Rosales e Qian, estavam envolvidos Jose Bergantiños Diaz, ex-namorado de Glafira, e Jesus Bergantiños Diaz, seu irmão. Para saber quais foram os detalhes que levaram à derrocada de criminosos que venderam mais de 80 milhões de dólares em obras falsas, assista ao filme na Netflix!

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