Filmes AQA: Candyman

Nova adaptação de conto de Clive Barker envolve o universo da arte em uma trama de terror guiada por uma lenda urbana; filme tem direção de Nia DaCosta e produção de Jordan Peele

por Jamyle Rkain
3 minuto(s)

Primeiramente, Candyman (ou A Lenda de Candyman) não é um filme sobre arte, mas a arte e algumas questões que se concentram em seu sistema estão ali presente. Baseado em um homônimo de 1992, este é um dos filmes mais esperados de 2021, dirigido por Nia DaCosta e produzido por Jordan Peele. Os dois assinam também o roteiro, adaptado de um conto do escritor Clive Barker.

Candyman é um filme de terror cujo roteiro se desenrola a partir de acontecimentos que acabam por reviver uma lenda urbana histórica no bairro de Cabrini Green, em Chicago. Dizer “Candyman” de forma sonora na frente de um espelho faz com que um assassino com gancho no lugar de uma das mãos seja evocado. No enredo, o personagem principal, Anthony McCoy, interpretado por Yahya Abdul-Mateen II, é um artista que vive um momento complexo de sua carreira, pressionado pelas pessoas a sua volta a criar novas obras, com ideias frescas e que se descolem um pouco de sua produção anterior.

Pressionado pela companheira, uma curadora de arte, e pelo galerista que o representa, McCoy fica bastante aflito e desencorajado. Mas essa tensão do processo criativo do artista e um primeiro contato com a história de Candyman durante um jantar em família faz com que ele fique fascinado pela lenda e queira, de alguma forma, incorpora-la em seu trabalho. A obsessão pelo assassino invisível com gancho na mão, que só é visto em superfícies que refletem imagem (como espelhos) vai desencadear uma série de acontecimentos tenebrosos e sanguinários. 

A primeira obra que o artista produz pensando no assunto é colocada em descrédito pelo galerista que a apresenta e também por uma famosa crítica de arte que visita a exposição coletiva que o trabalho integra. Nesse sentido e no que vem no decorrer do filme envolvendo esses personagens é tecida uma crítica a algumas contradições e comportamentos tóxicos do sistema da arte. Para a crítica, McCoy é apenas mais um artista que busca inspiração e que trabalha em ateliê no em regiões “abandonadas da cidade” para colaborar com o processo de gentrificação do local. Depois de acontecimentos que fazem com que sua obra ganhe as mídias, o artista de torna uma figura “genial” para a crítica. O ego so artista também é um ponto tratado aqui.

O filme contém também diversas críticas ao racismo, seja o que está presente no sistema da arte ou o que de manifesta em violência brutal da polícia, sendo assim um filme que é também socialmente relevante, tendo em vista sua abordagem de questões contemporâneas que urgem.

As obras que são apresentadas no filme como produzidas por Anthony foram desenvolvidas pelos artistas Cameron Spratley e Sherwin Ovid a pedido da diretora do longa. “A arte em Candyman é sobre devolução, para espelhar a descendência psicológica [de Anthony]. Eu realmente queria mostrar seus primeiros trabalhos, e depois o trabalho que ele faz no filme, e como ele está sendo mudado não apenas por sua própria busca e jornada, mas também por, talvez, um fantasma demoníaco”, explica a diretora em um breve teaser sobre artistas e arte em Candyman, que pode ser assistido abaixo:

Com estreia no final de agosto, a produção dominou as bilheterias dos Estados Unidos, ficando em primeiro lugar logo na primeira semana. No Brasil, o filme só está sendo exibido neste momento em sessão no Estação NET, no Rio de Janeiro, mas há especulações de que ele logo deve entrar em algum streaming. 

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