De norte a sul, passando por Salvador, Curitiba e Belo Horizonte, trouxemos destaques que valem dar uma conferida. Entre eles, a disponibilização de 94 obras de artistas brasileiros do acervo do MAM SP na Pinacoteca do Ceará, fomentando o intercâmbio entre duas grandes instituições culturais.
No Rio de Janeiro, o CCBB-RJ apresenta as diferenças e aproximações da diáspora negra brasileira e estadunidense com obras de renomados artistas de ambos os países. Já no CCBB-BH três gerações de fotógrafas amazônicas apresentam a cultura paraense, suas paisagens e povos através da imagem. Além disso, a artista francesa Eva Jospin inaugura sua primeira exposição no Brasil, no MON, em Curitiba. Confira mais detalhes e informações!

Fortaleza | “MAM São Paulo na Pinacoteca do Ceará: figura e paisagem, palavra e imagem”
Pinacoteca do Ceará
07.06 – 21.09
O Museu de Arte Moderna de São Paulo e a Pinacoteca do Ceará firmam uma parceria inédita que oficializa a doação de 87 obras do acervo do MAM para a instituição cearense — parte de um processo de revisão da coleção do museu paulista — e reúne, ao todo, mais de 130 trabalhos na exposição.
Com curadoria de Cauê Alves e Gabriela Gotoda, a exposição se organiza em dois núcleos: as relações entre figura e paisagem e entre palavra e imagem. O recorte propõe conexões entre diferentes tempos e linguagens da arte moderna e contemporânea no Brasil. No conjunto, aparecem nomes como Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Iberê Camargo, Rosana Paulino, Tunga, No Martins, Rochelle Costi, Brígida Baltar, Ernesto Neto, Rivane Neuenschwander e Bárbara Wagner, além de uma série de artistas fundamentais da cena atual.
Rio de Janeiro | “Ancestral: Afro-Américas”
CCBB RJ
04.06 – 01.09
A exposição reúne cerca de 160 obras de artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos, traçando paralelos entre histórias, lutas e expressões visuais dos povos afrodescendentes dos dois países. Partindo de três eixos — Corpo, Sonho e Espaço — que atravessam os trabalhos apresentados, a mostra propõe reflexões sobre afirmação, imaginário e território.
Entre os destaques estão obras inéditas de Nari Ward, produzidas no Brasil especialmente para a exposição, além de trabalhos de Abdias Nascimento, referência incontornável na valorização das culturas afro-brasileiras. A mostra inclui ainda um conjunto de adornos conhecidos como “joias de crioula” — usados por mulheres negras libertas no Brasil colonial — e uma seleção de arte africana da Coleção Ivani e Jorge Yunes, com curadoria de Renato Araújo da Silva.
Belo Horizonte | “Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará”
CCBB BH
04.06 – 28.07
A mostra apresenta mais de 170 obras de 11 artistas da Amazônia brasileira e percorre quatro décadas de produção fotográfica feminina na região Norte, reunindo trabalhos de Cláudia Leão, Bárbara Freire, Paula Sampaio, Walda Marques, Leila Jinkings, Evna Moura, Renata Aguiar, Nailana Thiely, Nay Jinknss, Deia Lima e Jacy Santos.
Com curadoria de Sissa Aneleh, a exposição ocupa as galerias do 3º andar e o Pátio do CCBB com fotografias, vídeos, publicações e instalações que lançam um olhar sobre gênero, território, cultura e cotidiano amazônico. Parte da mostra é dedicada à produção experimental, além de um núcleo sensorial com uma instalação aromática inspirada nas Icamiabas — mulheres guerreiras da mitologia amazônica — e uma oca que abriga a experiência de realidade virtual do filme MUKATU’HARY (Curandeira).
Recife | “Ainda Trago na Boca”
Christal Galeria
05.06 – 19.09
“Ainda trago na boca” parte da oralidade como um campo de resistência, criação e reinvenção de mundo. Reunindo obras de artistas como Trojany, Fykyá Pankararu, Mitsy Queiroz, Pillar Rodriguez, Kulumym-Açu e Agrippinna R. Manhattan, a mostra investiga como a linguagem — especialmente quando atravessada pela experiência colonial — molda não apenas a comunicação, mas também as formas de ver, existir e habitar o território.
O texto curatorial de Abiniel João Nascimento aponta que a imposição da língua portuguesa no Brasil, acompanhada da negação das línguas originárias e afro-diaspóricas, não foi apenas um projeto linguístico, mas uma tentativa (fracassada) de alinhamento cosmológico, de definição do que é real e do que não é. É nas frestas desse fracasso que surgem outras visualidades e outros modos de estar no mundo.
Curitiba | Eva Jospin, “Re-selvagem”
MON
05.06 – 10.08
Com curadoria de Marcello Dantas, a primeira exposição da artista francesa no Brasil ocupa o Olho e o Espaço Araucária com nove obras de grandes dimensões — entre instalações, desenhos e vídeos — que dão forma a uma floresta imaginária construída com papelão, bordado de seda, madeira, tecido e bronze.
Conhecida por transformar materiais cotidianos em paisagens que misturam memória e ficção, Jospin cria cenários que se desdobram em caminhos, folhagens, arquiteturas e volumes que parecem suspensos no tempo. As trilhas esculpidas em papel e sombra desenham uma travessia entre o real e o imaginário, onde cada detalhe carrega a tensão entre delicadeza e permanência.
Rio de Janeiro | “Djanira – 110 anos”
Pinakotheke Cultural
02.06 – 19.07
A Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, apresenta uma exposição em homenagem à artista que fez do Brasil, de seu povo e de seus rituais o centro de sua obra. Com curadoria de Max Perlingeiro e Fernanda Lopes, a mostra reúne 50 trabalhos que atravessam quase quatro décadas de produção, além de documentos, fotografias e registros sonoros da artista. Grande parte das obras nunca foi exibida antes, incluindo pinturas emblemáticas e estudos raros, como Dança de Iemanjá (1952), Orixás (1970) e Transamazônica (1978). Organizada em núcleos temáticos — retratos, paisagens, religiosidade, trabalho e cotidiano —, a exposição ainda destaca os desenhos feitos por Djanira em 1948 para ilustrar Aventuras de Procopinho, livro da peça infantil de Lúcia Benedetti.
Goiânia | Estêvão Parreiras, “O corpo quer fecundar a terra“ e David Almeida, “Paisagens da Imprecisão”
Cerrado Galeria
14.06 – 26.07
A Cerrado Galeria apresenta duas individuais simultâneas com curadoria de Divino Sobral. “O corpo quer fecundar a terra”, de Estêvão Parreiras, reúne desenhos e pinturas que cruzam espiritualidade, memória e paisagem, a partir da iconografia dos ex-votos. Suas figuras solitárias — sempre de camiseta vermelha e calça jeans — aparecem cercadas de símbolos como montanhas, serpentes, auréolas e corações, num embate entre matéria e transcendência.
Na exposição “Paisagens da imprecisão”, David Almeida apresenta pinturas e monotipias que não retratam lugares específicos, mas constroem territórios instáveis, feitos de manchas, luz rarefeita e contornos que se desfazem. A paisagem aqui serve como meio para tensionar os próprios fundamentos da pintura.
Curitiba | “João Trevisan: Turvo Reflexo”
Simões de Assis
15.05 – 19.07
Turvo Reflexo apresenta cinco séries de João Trevisan, atravessadas por uma relação direta entre corpo, matéria e tempo. São pinturas que operam no alongamento da percepção, construídas em camadas de gesso, óleo e cera, onde a luz ora se deposita, ora se esconde. A trama das superfícies carrega vestígios do gesto — ranhuras, veladuras, pequenas margens deslocadas — que só se revelam a quem se aproxima e acompanha o ritmo do olhar.
O artista parte de uma lógica processual que combina rigor e intuição. Cada camada é construída na repetição meticulosa de gestos, no atrito entre opacidade e brilho, peso e leveza. Brasília atravessa esse corpo de trabalho como paisagem sensível: a secura, o vermelho da terra, a luz que se espalha e se recolhe.
Salvador | “Encruzilhadas da Arte Afro-brasileira”
MUNCAB
29.03 – 21.08
O CCBB Salvador apresenta Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB). A exposição reúne cerca de 150 obras de 69 artistas, cruzando diferentes gerações da produção negra no Brasil — de nomes históricos a artistas contemporâneos. Com curadoria de Deri Andrade, a mostra desembarca em Salvador após passar por São Paulo, BH e Rio, onde foi vista por mais de 300 mil pessoas.
A montagem, que rompe com o cubo branco tradicional, cria um espaço de circulação livre, em que o corpo guia o percurso. As obras se organizam em cinco núcleos: Tornar-se, Linguagens, Cosmovisão, Orum e Cotidianos, refletindo temas como identidade, espiritualidade, memória e representação. Entre os destaques estão trabalhos de Mestre Didi, Rubem Valentim, Lita Cerqueira, Maria Auxiliadora e Arthur Timótheo da Costa.
Belo Horizonte | “Em cada canto”
Casa Fiat de Cultura
17.06 – 17.08
A Casa Fiat de Cultura, em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, apresenta a exposição Em cada canto, que reúne cerca de 300 obras da Coleção Vilma Eid. Com curadoria de Ana Roman e Catalina Bergues, a mostra ocupa o hall e as galerias do 3º e 4º andar, propondo conexões entre arte popular, moderna e contemporânea brasileira.
O recorte parte do acervo reunido pela colecionadora ao longo de quatro décadas, cruzando trabalhos de mais de 100 artistas de diferentes tempos, territórios e linguagens. A montagem, que evoca a disposição doméstica das obras na casa de Vilma, propõe um percurso que desestabiliza hierarquias tradicionais entre o erudito e o popular.
Vila Velha | Hiorlando, “Quem Tem Medo de Bicho Pau”
Galeria Gabinete
09.05 – 17.08
O Parque Cultural Casa do Governador, no Espírito Santo, inaugura a Galeria Gabinete, novo espaço expositivo dedicado a mostras temporárias. O espaço abre as portas com Quem Tem Medo de Bicho Pau?, do artista maranhense Hiorlando, que apresenta mais de cem esculturas em madeira que transitam entre o real e o imaginário.
A exposição é uma parceria do Museu Vale, do Centro Cultural Vale Maranhão e do Instituto Cultural Vale, com curadoria de Gabriel Gutierrez. A mostra ocupa um antigo gabinete de reuniões, agora transformado em galeria