De Fortaleza a Porto Alegre, os destaques incluem as exposições individuais das artistas brasileiras Nádia Taquary, no Muncab, e Luana Vitra, no Museu Paranaense, além da mostra do francês Jean-Michel Othoniel no Museu Oscar Niemeyer. Enquanto a Pinacoteca do Ceará inaugura duas exposições que abordam a diversidade e os desafios políticos do país, outro ponto alto é a aguardada reabertura do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, após sete meses fechado devido às enchentes.
Confira abaixo os detalhes das exposições e programe-se!
Salvador | “Òná Ìrín: Caminho de Ferro” de Nádia Taquary no Muncab
30.11 – 23.03.2025
Depois da temporada no MAR, Rio de Janeiro, o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab) abre as portas para “Òná Ìrín: Caminho de Ferro”, uma exposição da artista baiana Nádia Taquary que exalta a cultura afrodiaspórica e a resistência antirracista no coração do Centro Histórico de Salvador. Com obras que resgatam e reimaginam a joalheria afro-brasileira, Nádia combina madeira, cordas e metais em formas que retratam a ancestralidade e os ornamentos sagrados do candomblé. Mais do que peças decorativas, suas criações – trançados, colares e esculturas – carregam símbolos de proteção, força e espiritualidade, enraizados nas religiões de matriz africana. A exposição tem curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan e Ayrson Heráclito.
Curitiba | “Aos espíritos minerais” de Luana Vitra no Museu Paranaense (MUPA)
out.2024 – mar.2025
Luana Vitra transforma o Museu Paranaense (MUPA) em um espaço onde matéria e memória se encontram. Com esculturas e desenhos feitos de ferro, cobre e chumbo, a artista conecta sua história pessoal e a de sua terra natal, Minas Gerais, a um passado de exploração e resistência. As obras, que partem da força simbólica do minério de ferro, equilibram o peso da gravidade com a sutileza da espiritualidade, criando uma tensão entre atração e repulsão. Mais do que trabalhar com materiais, Luana traz à tona as marcas históricas e emocionais de uma terra moldada pelo extrativismo, expondo memórias e histórias que ainda permanecem vivas no presente.
Recife | “Sonhar com fogo, dançar com as mãos” de Marcella Vasconcelos na Christal Galeria
27.11 – 28.02.2025
Com curadoria de Olívia Mindêlo, a exposição de Marcella Vasconcelos é um encontro com o cotidiano transformado em tapeçarias de lã sobre linho e algodão, onde cada fio conta histórias de memória, repetição e intensidade. O sol, figura central, surge fragmentado, como se a artista equilibrasse sua força em curvas e explosões contidas. Tons como naval, mel e marajoara preenchem paisagens que dialogam com lembranças do agreste, o barulho da máquina de costura e a luz da aurora que, certa vez, entrou pela janela e marcou a artista.
Porto Alegre | “Post Scriptum – Um Museu como Memória” no Margs
06.12 – s/d
Após sete meses das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) reabre suas portas com a exposição “Post Scriptum – Um Museu como Memória”. A mostra ocupa todo o primeiro andar do prédio histórico, apresentando obras restauradas do acervo afetado, além de objetos, imagens e registros que narram o impacto do desastre de maio de 2024, quando o térreo foi inundado por dois metros de água. Dividida em cinco seções temáticas, a exposição, além de documentar a tragédia e os esforços de recuperação, também fortalece o papel do museu como um espaço de preservação da cultura e história do estado, marcando um momento de reconexão com a comunidade.
Brasília | “Da Terra que Somos” de Sonia Dias Souza no Museu da República
21.11 – 17.02.2025
Com curadoria de Agnaldo Farias, “Da Terra que Somos” transforma elementos como terra, argila e feltro em obras que conectam humanidade, natureza e cosmos. Em “O sangue não tem cor”, pequenas esferas de feltro remetem a hemácias e questionam o impacto humano na exploração ambiental e nas relações sociais. Já “Magna” reúne seios de argila negra ligados a ovos vermelhos, simbolizando nutrição e criação. Cada peça carrega camadas de significado, do equilíbrio entre o natural e o artificial até a reflexão sobre nossa presença no planeta em tempos de crise climática.
Salvador | “Dona Fulô e Outras Joias Negras” no MAC Bahia
07.11 – 16.02.2025
Um tributo às mulheres negras que construíram a “economia da liberdade” no Brasil Colônia, a mostra utiliza a figura simbólica de Dona Fulô, uma mulher negra adornada com as tradicionais “Joias de Crioula”, para narrar histórias de resistência cultural e empoderamento. Dividida em três eixos – “Histórias Florindas”, “Raras Florindas” e “Armas Florindas” –, a exposição combina obras de 22 artistas contemporâneos baianos com a coleção de adornos e documentos de Itamar Musse, abordando o contexto histórico, as tradições sociais e os diálogos artísticos atuais que reinterpretam essa herança.
Fortaleza | “Delírio Tropical” e “Que país é este?” na Pinacoteca do Ceará
11.12 – 29.06.2025
A Pinacoteca do Ceará inaugura duas exposições que abordam a diversidade e os desafios políticos do Brasil. “Delírio Tropical”, com curadoria de Orlando Maneschy e Keyla Sobral, reúne obras de 133 artistas de todas as regiões do país, criando um panorama que reflete a complexidade cultural e social brasileira. Paralelamente, “Que país é este?”, com curadoria de Thyago Nogueira e realizada em parceria com o Instituto Moreira Salles, apresenta fotografias e filmes de Jorge Bodanzky durante a ditadura militar, abordando temas de violência no campo e destruição ambiental. Ambas as mostras, parte do FotoFestival Solar, reforçam o compromisso da Pinacoteca em conectar arte, história e reflexão crítica, trazendo atividades e recursos acessíveis.
Recife | “Um Plano de Corte” de Fefa Lins na Torre Malakoff
05.12 – 28.02.2025
Com texto crítico de Agrippina R. Manhattan, a mostra traz obras feitas entre 2023 e 2024 que utilizam fragmentos de paredes demolidas do centro do Recife como suporte. Nessas pinturas, objetos e esculturas, o artista trabalha o gesto do corte como ruptura e reconstrução, cruzando referências arquitetônicas com histórias pessoais e urbanas. Os escombros, recolhidos e esculpidos, não apenas carregam marcas do espaço físico, mas também dialogam com processos íntimos e coletivos de desconstrução. Fefa, que tem formação em arquitetura, une técnica e memória em trabalhos que olham para o material bruto como algo vivo, cheio de camadas e histórias a serem descobertas.
Curitiba | “O Olho da Noite” de Jean-Michel Othoniel no MON
22.11 – 25.05.2025
O Museu Oscar Niemeyer (MON) comemora seu aniversário com a exposição do artista francês Jean-Michel Othoniel e curadoria de Marc Pottier. A mostra ocupa o icônico Olho, os Espaços Araucária 1 e 2, e o espelho d’água, apresentando 25 obras em grandes dimensões. Esculturas em vidro soprado representam os signos do zodíaco flutuando como constelações num ambiente que se associa a um planetário, enquanto tijolos de vidro azul repercutem o design curvo do espaço. Na área externa, esculturas abstratas inspiradas em flores flutuam no espelho d’água, criando um diálogo entre arquitetura e botânica, uma homenagem ao legado de Niemeyer.
Vitória | “Transitar o Tempo” na Casa Porto das Artes Plásticas
04.12 – 30.03.2025
“Transitar o Tempo” reúne 30 artistas capixabas que, em diferentes linguagens, entre entalhes, instalações, fotografias e cerâmicas, apresentam suas visões sobre contextos culturais, memória e transformação. Com mais de 40 trabalhos e curadoria de Nicolas Soares e Clara Pignaton, a mostra conecta mestres tradicionais e novos nomes, atravessando gerações e modos de criação. Entre narrativas e práticas, as obras criam diálogos inesperados, atravessando limites entre o tradicional e o contemporâneo.
Belo Horizonte | “Falar de Longe” de José Bechara na Albuquerque Contemporânea
13.11 – 18.01.2025
A exposição “Falar de Longe”, de José Bechara, toma o primeiro andar da Albuquerque Contemporânea com obras criadas nos últimos seis anos. Lonas de caminhão marcadas por sol, chuva e poluição, que carregam sua própria história antes mesmo de chegarem às mãos do artista, se tornam suporte para intervenções com tinta acrílica e oxidação de cobre e ferro. Bechara transforma esses materiais em registros do tempo, propondo uma relação entre espaço e memória que se desdobra no olhar de quem observa. O texto crítico de Luiz Armando Bagolin destaca como essas pinturas, longe de serem definitivas, traduzem o fluxo contínuo do tempo, deixando pistas de transformações que atravessam a matéria e o espectador.
Salvador | “Olga Gómez – Alegria da Criação” no MAB
14.11 – 23.02.2025
O Museu de Arte da Bahia apresenta“Olga Gómez – Alegria da Criação”, reunindo quatro décadas de trabalhos da artista argentina radicada em Salvador. Desenhos, marionetes, brinquedos e cenografias ocupam o espaço, que recria o ambiente do ateliê da artista e permite ao público interagir com suas criações. Fundadora da companhia teatral de bonecos “A Roda”, Olga também apresenta, em parceria com seu grupo de pesquisa em animação, espetáculos como O Combate e cenas curtas em datas específicas.