100 anos atrás, a Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, tinha a intenção de varrer o passadismo – combater o darwinismo racial ainda em voga, assim como o parnasianismo literário e o academicismo artístico. O grupo, formado majoritariamente por pessoas ligadas às elites do café, tinha trânsito na Europa e conhecia as vanguardas artísticas que por lá faziam sucesso. E trouxe para cá uma lufada de novidades – essa possibilidade de o país se “descatequizar” e se “abrasileirar”.
No entanto, passado um século, fica evidente o perfil de classe, gênero, sexo e raça que uniu os participantes, nesta que foi uma semana de arte moderna em São Paulo e não de São Paulo.
Por isso, Contramemória é uma exposição com curadoria de Lilia Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro, que pretende reler e traduzir criticamente, para o contexto atual, o ambiente cultural modernista de 1922, ao mesmo tempo, que tem a intenção de produzir dissonância na ordem que parece imperar no prédio.
Aproximadamente 117 obras, entre trabalhos de artistas negros, indígenas, trans, mulheres e de várias gerações, introduzem um sonoro ruído, por meio do contraste e da fricção que estabelecem com as esculturas acadêmicas, as pinturas de inspiração europeia e a arquitetura rebuscada. Estão presentes artistas como Ailton Krenak, Denilson Baniwa, Daiara Tukano, O Bastardo, Adriana Varejão, Raphael Escobar, Bertone Balduino, Ana Elisa Egreja, Lídia Lisbôa, Mídia Ninja e Val Souza ao lado de Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Flávio de Carvalho, entre outros modernistas.
Visitação: 18 de abril até 05 de junho de 2022
Local: Theatro Municipal de São Paulo
Endereço: Praça Ramos de Azevedo s/n – República – São Paulo – SP
Funcionamento: De terça-feira a sexta-feira, das 11h às 17h e sábado e domingo, das 10h às 15h
Ingresso: Grátis