Nascido em 1972 em Hammond, no estado de Indiana, Wade Guyton vive e trabalha em Nova York. Desde o início dos anos 2000, ele vem realizando uma análise rigorosa das condições e dos efeitos da produção de imagens digitais, explorando os territórios da pintura abstrata por meio de uma constante investigação do processo pictórico. Hoje, ao lado de artistas como Christopher Wool, Trisha Donnelly ou Seth Price, ele é uma das figuras indispensáveis da cena contemporânea americana.
Se o artista faz uso regular de suportes da pintura tradicional, como a tela de linho, suas composições são concebidas diretamente na tela, e depois materializadas com o auxílio de impressoras industriais. À medida que as tecnologias digitais evoluem para uma sofisticação cada vez maior, Guyton adapta seu processo criativo provocando interferências. Ele confronta sua impressora com comandos muito pesados em dados e multiplica as passagens da tela sob o jato de tinta. Os erros de transferência e as imperfeições que ocorrem – escorrendo ou outros defeitos de impressão – são totalmente aleatórios e contribuem para uma leitura poética das obras.
Em 2022, a pintura Sem Título (2013) entrou para as coleções do Museu de Arte Moderna graças a uma generosa doação. É a partir dessa pintura que a exposição – a primeira do artista em um museu francês – tomou forma. Criadas entre 2013 e 2015, as cinco pinturas se enquadram em um período muito curto durante o qual Guyton estava particularmente interessado na cor preta. Quatro delas foram de fato concebidas a partir do mesmo arquivo do Photoshop composto exclusivamente de preto: a imagem impressa rivaliza com o branco, seu espaço de reserva. Assim, em cada tela, estabelece-se uma relação ambígua entre figura e fundo e, mais amplamente, entre as obras e a parede que as acolhe. “Eu deixava as pinturas pretas ‘des-tornarem-se’ pinturas, ou expressarem-se mais arquitetonicamente” (tradução nossa), afirma o artista, confiando ao espaço circundante a tarefa de delinear os limites das obras. A porosidade das fronteiras cria uma tensão entre abstração e figuração que deve permitir a cada pintura encontrar sua forma justa. A quinta tela deste conjunto, nunca antes exposta, prolonga essa tensão ao justapor duas vistas de exposição nas quais são precisamente em abismo as duas pinturas monumentais apresentadas aqui.
Comissariado: Julia Garimorth, assistida por Sylvie Moreau-Soteras
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