Jeane Terra, “A despedida”. Imagem/Divulgação
A Anita Schwartz Galeria de Arte, na Gávea, inaugura no dia 16 de julho, às 19h, a exposição coletiva Vistas de dentro, reunindo 16 trabalhos de artistas representados e convidados. A mostra, curada por Cecília Fortes, marca a quinta edição do programa curatorial “Visita ao acervo”, que propõe diálogos entre obras do acervo da galeria e a produção contemporânea de seus artistas, a partir de diferentes recortes temáticos.
Nesta edição, a curadoria parte da ideia de casa, inicialmente concebida como moradia e espaço doméstico, mas expandida em seus significados simbólicos, afetivos e metafóricos. Mais do que abrigo, a casa é entendida como extensão do ser, como lugar de memória, identidade e presença.
Inspirada também nos pensamentos do filósofo italiano Emanuele Coccia, para quem a casa é uma “realidade moral” que abriga o bocado de mundo necessário à nossa felicidade – pessoas, objetos, atmosferas, lembranças –, a exposição amplia o conceito de lar para abarcar noções de corpo, intimidade, arquitetura e transformação.
Entre as obras selecionadas estão uma fotografia de Luiza Baldan, que eterniza um espaço carregado de valor afetivo; a pintura de Marjô Mizumoto, retratando sua filha Marie em sono tranquilo, cercada por seu universo pop infantil; o jogo de guardanapos do enxoval dos pais de Renato Bezerra de Mello, com detalhes encobertos por pontos livres de bordado feitos por ele com parentes e amigos, num gesto de apropriação e aproximação; a mesa posta de Patrizia D’Angello, em torno da qual as reuniões de família acontecem; e o interesse de Arthur Chaves pela costura e a arte têxtil, desencadeados ainda na infância, enquanto observava a mãe trabalhando na máquina de costura, num quartinho dentro de casa.
A coletiva apresenta, também, trabalhos que se relacionam com arquitetura e representação, resíduos e pesquisa de materiais. Entre eles, a delicada escultura em metal de Nathalie Ventura; a casa peluda que brotou na imaginação da artista Cristina Salgado, em meio a uma massa amorfa rosada; os escombros impregnados de memória de uma casa em ruínas, transformados em escultura por Jeane Terra e a composição de Duda Moraes, montada com costura de resíduos de tecidos de estofado descartados, convertidos em jardins têxtis pelas mãos da artista. “Songe” (2023), obra do artista belga Gustavo Riego, também integra a seleção.
A vertente metafórica casa-corpo se apresenta nos trabalhos de Liana Nigri, cujo processo escultórico se desenvolve através de gestos de contato do corpo com a matéria que resultam na impressão da memória de uma presença, um mapa sensorial de conhecimento íntimo, e nas pinturas de Luiz Eduardo Rayol, que entrelaçam o corpo-carne com o corpo-energético em questionamentos metafísicos sobre a potência da natureza e a fragilidade da nossa existência.
A mostra convida o público a uma experiência sensorial e imersiva com a videoarte de Maritza Caneca, exibida no container a céu aberto instalado na galeria. Com diferentes linguagens – pintura, escultura, fotografia, instalação, bordado e vídeo – Vistas de dentro constrói uma poética do habitar, revelando como o ambiente doméstico e o corpo podem ser fontes de investigação estética. A exposição oferece múltiplas camadas de leitura sobre o espaço íntimo e seu papel na constituição do sujeito contemporâneo.
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