Arte Que AconteceArte Que Acontece
“Em setembro de 2024, o multifacetado artista Thomaz Farkas completaria 100 anos de idade. Para celebrar seu legado, a Luciana Brito Galeria apresenta a exposição ‘Thomaz Farkas: Pictóricos, Coloridos e Modernos’, com mais de 70 obras que revelam uma faceta inesperada do artista, mostrando como sua trajetória se entrelaça com a evolução da fotografia no Brasil. Entre as décadas de 1940 e 1960, com um olhar sensível e afetuoso, Farkas capturou poeticamente tanto sua admiração pela cidade de São Paulo quanto seu amor por sua então noiva, Melanie Rechulski. A mostra faz parte da celebração especial ‘Viva Thomaz Farkas’, que também contará com exposições no Instituto Moreira Salles (São Paulo) e no Museu da Imagem e do Som (Fortaleza).”
A exposição “Thomaz Farkas: Pictóricos, Coloridos e Modernos” é dividida em dois grandes núcleos. Na Sala Modernista, a mostra se inicia com cerca de 60 fotografias vintages em preto e branco, reveladas e ampliadas pelo próprio artista na década de 1940, sendo a maior seleção de fotos vintages de Thomaz Farkas já exibida ao público, com a maioria das imagens inéditas, organizadas cronologicamente em grupos temáticos. O primeiro grupo apresenta imagens de equipamentos fotográficos, produzidas como exercícios em estúdio, que antecipam a fase pictórica do artista, caracterizada pela tentativa de aproximar a fotografia da estética da pintura, com registros de paisagens naturais e urbanas, além de retratos. Em seguida, são expostos trabalhos representativos do ápice de sua experimentação formal, marcados pela busca de novas formas de expressão visual, uso de técnicas inovadoras, ângulos inusitados, iluminação natural e exploração das possibilidades técnicas das câmeras e do laboratório fotográfico, fase que consolidou Farkas como um dos precursores da fotografia moderna no Brasil. Por fim, a exposição apresenta imagens icônicas da cidade do Rio de Janeiro e suas experimentações surrealistas.
A década de 1940 foi marcada por uma transformação na fotografia no Brasil, impulsionada pelo trabalho do Foto Cine Clube Bandeirante, criado em 1939, que elevou a fotografia ao status de veículo artístico, abrindo uma nova perspectiva para enxergar o mundo. Thomaz Farkas foi um dos protagonistas desse movimento, com suas experimentações surrealistas de ângulos inusitados e obras que capturavam a vida cotidiana e a paisagem urbana, especialmente em São Paulo. Seu olhar sobre a cidade reflete a intimidade com que ele acompanhava seu cotidiano e suas transformações.
Durante esse período, Farkas também produziu uma série de fotografias coloridas de sua futura esposa, Melanie Rechulski. No Pavilhão da galeria, um conjunto de 17 fotos coloridas apresenta um conteúdo inédito e extraordinário. Durante a organização do acervo de Farkas, onde mais de 34 mil fotos foram catalogadas pelo IMS-SP, uma seleção rara de filmes Kodachrome da década de 1940 foi descoberta. Essas imagens, em formato 4 x 5 polegadas e em perfeito estado de conservação, revelam um artista apaixonado por uma São Paulo pré-poluição, com céu azul e ruas largas. Sob um olhar romântico e intimista, Farkas registra a arquitetura da cidade e seus habitantes, enquanto a presença marcante de Melanie Rechulski se destaca em contraste com as paisagens urbanas.
Além de ser uma figura central na fotografia brasileira, Thomaz Farkas foi um grande entusiasta e defensor da cultura nacional. Ele também foi professor e empresário, administrando a empresa da família, Fotóptica, onde lançou uma revista e inaugurou a primeira galeria especializada do Brasil. No cinema, Farkas foi um dos pioneiros a explorar documentários sobre a cultura popular brasileira, através do projeto “Caravana Farkas”. Essas e outras facetas de sua trajetória serão celebradas na programação “Viva Thomaz Farkas”, no IMS-SP e no MIS (Fortaleza).
