O Paço das Artes, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, inaugura, em 25 de outubro, a segunda parte da 28ª edição da Temporada de Projetos – iniciativa de mais de duas décadas reconhecida por abrir espaço no circuito cultural para jovens artistas brasileiros. Com entrada gratuita, o público poderá conferir um projeto de curadoria e dois projetos artísticos.
Para a edição deste ano, as exposições foram organizadas em duas etapas, proporcionando, assim, uma melhor adequação do espaço arquitetônico para os artistas e projetos contemplados. Nesta segunda parte, que ficará em cartaz até o dia 12 de janeiro de 2025, o Paço das Artes recebe o projeto curatorial de Henrique Menezes e os trabalhos individuais dos artistas Luciano Maia e Raquel Gandra, selecionados pelo júri formado por Renata Felinto, artista, pesquisadora, curadora e professora na URCA/CE; Renato Araújo da Silva, pesquisador, curador e professor na FAU-USP/SP, e Mariano Klautau Filho, artista, pesquisador, curador e professor na UNAMA/PA.
Mais de quinze obras compõem o projeto Desejos guardados sob o rio, de Luciano Maia. Natural de Santarém (PA), o artista atua em várias frentes de criação. Nos trabalhos selecionados, as memórias e a mitologia de sua região criam narrativas queer, entre a realidade e a ficção, em suportes variados, como a tela, o papel, o azulejo e a madeira. Sua entrevista e seu acompanhamento crítico foram realizados por Marcelo Amorim.
A artista carioca Raquel Gandra apresenta a série Entre tramas e labirintos, com acompanhamento crítico e entrevista de Renata Felinto. Suas obras fotográficas retratam imagens oníricas de Canoa Quebrada, no Ceará, onde os processos ditos civilizatórios vão se sobrepondo aos costumes regionais. Em camadas intercaladas de verdade e imaginação, temos uma cosmovisão própria que reforça os saberes e lendas da região.
Já projeto curatorial de Henrique Menezes, natural de Porto Alegre (RS), põe em diálogo três jovens artistas: Dora Smék (Campinas, SP), Érica Magalhães (Muriaé, MG) e Vitória Macedo (Porto Alegre, RS). Da flor da pele ao pó do osso apresenta fotografias e esculturas que têm como cerne o conceito de cicatriz. Ideias de fissuras e entranhas, simbolicamente evocando imaginários do trauma e da regeneração, dos estigmas às superações.
“Se vivemos em um tempo de urgências sociais, atropelamentos culturais e intoxicações midiáticas generalizadas, os projetos selecionados são convenientemente propícios para pensarmos o fim de uma era”, afirma Renato De Cara, curador do Paço das Artes. “Estórias para provocar e conectar nossos anseios nos reposicionamentos históricos que estão acontecendo.”
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