Aline Bispo, artista que vem desenvolvendo uma pesquisa acerca do sagrado como expressão artística afro-brasileira, abre a individual “Somatória de Forças” na Luis Maluf Galeria, unidade Barra Funda, a partir de 24 de agosto. A mostra apresenta trabalhos inéditos e outros produzidos nos últimos cinco anos, muitos dos quais a partir do contato com festas temáticas do calendário afro-brasileiro, como Bará do Mercado, Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, 02 de Fevereiro, Nossa Senhora Aparecida, Feira de Baiano e outras. A mostra tem curadoria de Alexandre Araujo Bispo e segue em cartaz até 2 de outubro.
Aline e Alexandre, paulistanos de ascendência baiana, compartilham mesmo sobrenome, mas não têm parentesco direto. Em comum, compartilham o interesse nas forças sincréticas do sagrado afro-brasileiro. Em “Somatória de Forças” afirma o curador: “Aline Bispo persegue um caminho no qual admite o valor do sincretismo na cultura brasileira, ciente que, apesar de seus aspectos negativos, no sentido de, historicamente, conduzir à ocultação de práticas culturais de origens africanas, ele também gerou forças inéditas.”
Entre as obras expostas, merece destaque “Ogunté”, 2024, pintura em acrílica e folha de ouro sobre tela, nas dimensões 123 x 82,5 x 5 cm. O título Ogunté se refere a uma qualidade do orixá Yemanjá que, segundo a mitologia iorubana, está ligada a Ogum e à sua força guerreira. Assim, Iemanjá Ogunté representa proteção, coragem e determinação. Importante sublinhar que as cores azul e vermelho presentes nesta tela são parte da paleta que se espalha por toda a mostra, somadas ao branco e preto.
Outro destaque da exposição é “Mães da boa morte”, 2023, que combina tinta acrílica, folha de ouro e miçangas em uma tela de 80,5 x 121 x 5 cm. O título da obra é uma referência à Irmandade da Boa Morte, coletivo de mulheres negras que há mais de 200 anos realiza anualmente uma celebração na cidade de Cachoeira, Recôncavo baiano. Atualmente, a irmandade é composta por cerca de 30 mulheres, com idade média entre 50 e 70 anos, que juntas clamam por uma boa morte. A festa da irmandade indica a complexidade que envolve o sincretismo religioso no Brasil, misto de resistência, negociação política e manutenção de valores civilizatórios africanos. Considerada Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010, o rito é realizado sempre no mês de agosto, acompanhado de samba de roda e distribuição de comidas.
© 2024 Artequeacontece Vendas, Divulgação e Eventos Artísticos Ltda.
CNPJ 29.793.747/0001-26 | I.E. 119.097.190.118 | C.C.M. 5.907.185-0
Desenvolvido por heyo.com.br