O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, no 2o subsolo do museu, Sala de vídeo: Brook Andrew, que exibe o vídeo Smash it (2018). Com curadoria de Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP, o filme, apresentado pela primeira vez no Brasil, reúne, em uma edição abrupta, elementos de uma série de outros trabalhos do artista, criando narrativas fragmentárias que questionam apagamentos sociais e estruturas jurídicas e culturais relacionadas ao processo de colonização do território australiano.
Brook Andrew (Sydney, Austrália, 1970) é um artista, curador e professor que tem como prática a investigação das formas de representação e preservação da memória dos povos aborígenes, em especial os Wiradjuri e Ngunawal, dos quais é descendente. Em sua pesquisa, trabalha com materiais de arquivos, que incluem fotografias dos séculos 19 e 20, filmes, desenhos animados, entrevistas e notícias. Seus trabalhos, intervenções em museus, pesquisas, palestras e projetos curatoriais, impulsionados pelo desejo de fomentar formas indígenas de conhecimento, provocam as limitações impostas pelas estruturas de poder e pela amnésia histórica.
Para o curador Leandro Muniz, além de o artista discutir as opressões históricas e relações de poder desenvolvidas no processo de colonização do território australiano, “Andrew interessa-se pelos fluxos culturais estabelecidos nesse período. Sua obra é marcada por um raciocínio de colagem, contrapondo documentos e cores ácidas, grafismos dos povos originários e pinturas murais, palavras na língua Wiradjuri e neons”.
O filme é dividido em duas partes: a primeira exibe entrevistas com pesquisadores, ativistas e políticos que manifestam diferentes pontos de vista sobre os direitos indígenas às terras australianas, bem como os conflitos culturais vivenciados por eles atualmente. A esses depoimentos são contrapostos materiais de arquivo – como fotografias, documentos e relatos –, que ora apresentam narrativas recalcadas sobre os aborígenes, ora questionam os modos estereotipados como foram registrados e representados por pessoas externas a essas comunidades.
Já na segunda parte, Andrew se apropria do filme Jedda (1955), no qual, pela primeira vez na história, atores aborígenes representam seus próprios grupos sociais. Andrew já havia utilizado esse filme em outro trabalho, contudo, esse não possuía trilha sonora ou diálogos, apenas legendas que deslocavam o discurso original para uma narrativa de sublevação dos grupos oprimidos. Dessa vez, a trilha sonora é composta de música eletrônica e trechos das falas originais. “Smash it é marcado por janelas que se abrem ao longo da narrativa, cores ácidas e marcadores próprios do mundo digital, reiterando as múltiplas temporalidades que convivem e se chocam na obra, refletindo as diversas identidades que comunidades indígenas assumem no presente”, pontua o curador.
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