A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar Rumors and Whispers [Rumores e Sussurros], a primeira exposição individual de Ebecho Muslimova em São Paulo.
Reunindo oito imagens anedóticas do alter ego da artista, a anti-heroína Fatebe (FAT-E-be), a exposição é uma conversa lúdica entre duas mostras paralelas: Rumors, que ocorrerá no Brasil em uma semana, e Whispers, que ocorrerá em Zurique na semana seguinte. As exposições são entrelaçadas, com cada pintura tendo um equivalente na outra cidade, e são ligadas por um fio narrativo semelhante ao que acontece no jogo do telefone sem fio, no qual uma palavra sussurrada viaja por uma linha de crianças, muitas vezes sendo distorcida no final. Essas conexões refletem nossa capacidade de criar, interpretar e ocultar rumores, espelhando o ethos mutante da pintura ao longo da história.
Antes de parar para apreciar as qualidades pictóricas de Ebecho Muslimova, encontramos uma qualidade narrativa, uma parte caricatural da artista, muitas vezes sujeita à humilhação e à exaltação, à medida que ela mergulha nos reinos ilimitados de seus desejos e medos. O humor embutido em suas figuras e cenários nos leva às profundezas de sua psique, servindo como um espelho que reflete seu eu interior.
Suas imagens sugerem que nós tendemos a construir nosso senso de identidade por meio de imagens externas, sejam elas reflexos, sejam pessoas que cuidam de nós, promovendo um “eu” idealizado que os indivíduos se esforçam continuamente para alcançar. Esse processo estabelece a dependência do ego em relação a estímulos externos, que evoluem dentro de estruturas sociais e linguísticas à medida que os indivíduos amadurecem e se envolvem com a sociedade, moldando assim suas personalidades e seus desejos. Em obras como Farm to Table [Da Fazenda à Mesa] e Four Corners [Quatro Cantos], a artista explora o corpo de Fatebe como uma paisagem, um lugar de possibilidades irreais. Esses atos de liberdade na criação de uma figuração também são evidentes em imagens mais sexuais, como Kettle Vision [Visão da Chaleira] e Clown Boudoir [Boudoir do Palhaço].
As prescrições morais são irrelevantes no reino de Fatebe. Também não há conceito de loucura ou absurdo. Ela descobriu um universo completamente desligado do nosso entendimento de restrições, autoridades e moedas. Seu comportamento selvagem e não socializável inverte nossas noções de limite, proporcionando uma fuga libertadora com suas soluções inventivas.
Expandindo-se para além da pintura, a exposição de Muslimova toma conta das paredes da galeria com murais e desenhos, imergindo o espectador no universo da personagem criada pela artista. Um universo que abrange sexo, tragédia e bom humor. As qualidades críticas dessas imagens se envolvem em uma deliciosa dança com a liberdade; são um exercício de liberdade violenta. Seu estilo de desenho possui uma qualidade sem esforço, e leva o espectador a uma exuberância juvenil, mas madura.
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