“Fotografia é como jiu jitsu. Você pega o que vier pela frente e faz algo com isso”, disse uma vez o fotógrafo Roe Ethridge. Isso fica evidente em, American Polychronic, exposição de seus novos trabalhos atualmente em cartaz na Gagosian de NY. A mostra compartilha seu título com a primeira pesquisa abrangente do trabalho do artista, de 1999 a 2022, publicada em livro pela Mack Books em 2022. Movendo-se dentro e entre gêneros fotográficos, de retratos de arte de referência histórica e naturezas-mortas até o mundo estilizado e codificado da fotografia de moda e o poço sem fundo das imagens online, Ethridge justapõe cenas dirigidas com vinhetas aleatórias, perseguindo uma linguagem formal que transita entre o atrito visual e a transgressão irônica de regras estruturais. Seu catálogo de imagens híbridas sempre em expansão reflete as texturas da sociedade americana contemporânea a partir de uma sensibilidade formal peculiar ao “mundo genérico metodista, sulista, de classe média” no qual ele cresceu. “Policrônico significa essencialmente fazer mais de uma coisa por vez”, explica Ethridge sobre o título da exposição. “É também uma maneira de descrever uma noção cultural de tempo. No momento, parece que todos nós somos policrônicos por escolha ou por necessidade”. O que significa essa atual sobreposição de contextos no desdobramento de eventos através de um multiverso de imagens, típico de um mundo conduzido pelas redes sociais. Na nova monografia de Ethridge, as imagens produzidas para exibição ao longo de vinte e quatro anos são organizadas em ordem cronológica crescente, enquanto as fotografias comerciais e editoriais aparecem na ordem oposta. A seleção muito mais focada da exposição faz uso do espaço da galeria de Nova York para destacar ressonâncias entre as imagens; em seu design restrito, a instalação forma um contraponto efetivo à organização mais densa do livro. The Story of my Life until Now or Red Tray with Mushroom Clock (2022, foto), uma nova obra que não consta do livro, é a imagem que define a exposição. Ecoando o efeito de colagem da icônica Refrigerator (1999), essa natureza-morta retrata uma variedade de objetos, incluindo um relógio de cerâmica kitschy. Colocado à esquerda da foto, marca o ponto de partida de uma narrativa autobiográfica solta. FvK Double Trouble (2022) versa sobre a relação da câmera com seus próprios produtos. O começo do título, que significa “Fuji versus Kodak”, alude a uma oposição corporativa que simboliza a própria mídia utilizada, reafirmando a história da fotografia como uma história de avanço tecnológico. O trabalho também lembra o universo semântico e formal do Refrigerator, e mostra como os temas abordados conferem sustentação ao trabalho, em vez de serem meros resultados de um modus operandi intuitivo.
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