Revelações luminosas: os relevos de Luis Tomasello reunirá na Dan Galeria uma síntese de quase 40 anos, de 1976 a 2012, da produção criativa do pioneiro ao explorar relevos geométricos que refletem sobre os efeitos das cores e os fenômenos da luz. A partir de 23 de março, a mostra apresenta cerca de 30 trabalhos seminais do artista que uniu escultura e pintura numa linguagem única, permitindo também, a integração harmoniosa na arquitetura.
A exposição busca celebrar o legado do argentino na arte cinética latina. Inspirado pelo princípio de Mondrian, que instigava a buscar o máximo com o mínimo, Tomasello desenvolveu seus Objet plastique e Atmosphère chromoplastique. Seu trabalho invoca uma observação expandida da escultura como textura, escala e a tridimensionalidade é o tom maior. A experiência é completa quando o corpo de quem observa se locomove a ponto de perceber as cores e os volumes, pois há uma intenção de compartilhamento do movimento entre público-obra.
Obras de “Atmosphère chromoplastique”, uma das séries mais icônicas de Luis Tomasello, estão presentes na exposição com sua sensação óptica de movimento obtida a partir da vibração da luz nos cubos. A sequência foi iniciada em 1958 em Paris com o nome Réflexion, mas posteriormente o crítico de arte e poeta Carlo Belloli, no catálogo da segunda exposição individual na Galerie Denise René em 1965, as renomeou.
“A cumplicidade sutil e quase displicente de Luis Tomasello brinca de ordenar o desordenado, de pentear minuciosamente a cabeleira da luz, mas por baixo desta disciplina se encontra o prazer de liberar, em pleno rigor geométrico e plástico, algo como as emoções da matéria, seu murmúrio azul ou cor de laranja. E sem necessidade de movimento ou do estímulo de fontes externas; como em qualquer encontro fortuito e feliz de elementos favoráveis, basta que a luz chegue aos nichos, às colmeias de aparência fria e austera, para que um estremecimento de vida se difunda pelo espaço contíguo e o arraste para sua dança irrefreável. Este alquimista não procurou congelar a luz em metal precioso, mas exatamente o contrário: um objeto sólido e imóvel se dilata em luz e cor, estremece no espaço, palpita com o mesmo coração de quem o contempla”, afirma Júlio Cortáz, referência da literatura argentina, sobre a obra de Tomasello.
Nascido em La Plata, Argentina, em 1915, Luis Tomasello só visitou a Europa aos 36 anos pela primeira vez e seis anos depois, em 1957, estabeleceu residência em Paris. Adotou uma abordagem sistemática ao registrar em seus cadernos pessoais esboços de suas obras concluídas. Cada entrada continha todos os detalhes essenciais – título, data, dimensões, número de elementos, cores e materiais utilizados (tinta, madeira, masonita, fórmica) – fundamentais para a identificação precisa. Em alguns casos, essas anotações incluíam o nome do fotógrafo ou colecionador, bem como a data e local da exposição. Dessa maneira, mantinha um controle preciso, sabendo exatamente qual número atribuir ao próximo trabalho em suas séries como Atmosphères chromoplastiques, Série Lumières noires ou Objets plastiques.
Ao longo de sua trajetória, a projeção global de Luis alcançou novos patamares. Esse avanço iniciou com suas primeiras mostras individuais, em 1962, no Museu Nacional de Bellas Artes (MNBA) em Buenos Aires e na Galerie Denise René em Paris. Sua presença destacada estendeu-se ainda mais, graças à sua participação ativa em renomados eventos internacionais dedicados à expressão artística luminocinética.
As criações de Tomasello enriquecem diversas coleções notáveis, tanto públicas quanto privadas, como Albright-Knox Art Gallery em Buffalo, o Museum of Fine Arts – MFAH em Houston, e a Cisneros Fontanals Art Foundation – CIFO em Miami. Na Europa, suas obras estão presentes no acervo do Musée national d’Art Moderne (Centro Pompidou) e na Bibliothèque nationale de France, ambas em Paris, além do Museu Kröller-Müller em Otterlo (Holanda), a Tate Modern em Londres e o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía em Madrid. Na Argentina, diversos museus, como o Museu de Arte Moderna (MAMbA) e o Museu Nacional de Bellas Artes (MNBA) em Buenos Aires, também abrigam suas contribuições.
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