No início da década de 1990, uma geração de artistas nos Estados Unidos estava usando exposições para chamar a atenção para crises do mundo real: no momento em que Bill Clinton foi inaugurado em janeiro de 1993, a AIDS era oficialmente a principal causa de morte para homens com idade entre 25 e 44 anos no país; a revolta de Los Angeles tinha sido declarada o período mais destrutivo de tumultos locais na história dos EUA; e as Guerras Culturais estavam em pleno vigor, após o julgamento de ‘obscenidade’ de Robert Mapplethorpe marcar o primeiro julgamento criminal da nação sobre o conteúdo de uma exposição. Termos como multiculturalismo, política de identidade e marginalização significavam espaços de contestação, enquanto no mundo da arte, o mercado tinha entrado em colapso após uma recessão global, causando um número sem precedentes de galerias a fecharem.
Foi nesse contexto que o artista Charles Gaines desenvolveu a exposição The Theater of Refusal: Black Art and Mainstream Criticism para a Galeria de Belas Artes da Universidade da Califórnia, em Irvine, em estreita colaboração com a diretora da galeria, Catherine Lord. Apresentando obras de Jean-Michel Basquiat, Renée Green, David Hammons, Ben Patterson, Adrian Piper, Sandra Rowe, Gary Simmons, Lorna Simpson, Carrie Mae Weems, Pat Ward Williams e Fred Wilson — todos artistas pouco conhecidos na época —, The Theater of Refusal pretendia ‘revelar as estratégias de marginalização e propor uma alternativa,’ como Gaines descreveu sua abordagem na época. Parte integrante da mostra era uma sala de leitura, para a qual Gaines acumulou artigos e resenhas sobre os artistas participantes que ele destacou para revelar limitações no discurso de marginalidade e sua instrumentalização pela crítica dominante.
Por ocasião do 30º aniversário de The Theater of Refusal — em um contexto social e político que apresenta muitas semelhanças —, esta exposição no centro de Los Angeles volta-se para esse projeto seminal e continua a investigação teórica para entender suas ressonâncias hoje. O co-curador Homi K. Bhabha chamou esse processo de ‘retroação.’
RETROaction apresenta obras do início dos anos 1990 de Charles Gaines, Lorna Simpson e Gary Simmons, que todos participaram do original The Theater of Refusal: Black Art and Mainstream Criticism, bem como uma nova iteração da exposição, desta vez intitulada Black Art and Reconstitution, apresentando o trabalho de dez artistas que todos abraçam a abstração e a materialidade em sua prática, selecionados pela historiadora da arte Ellen Tani, juntamente com Gaines.
© 2024 Artequeacontece Vendas, Divulgação e Eventos Artísticos Ltda.
CNPJ 29.793.747/0001-26 | I.E. 119.097.190.118 | C.C.M. 5.907.185-0
Desenvolvido por heyo.com.br