A Galeria Athena apresenta duas exposições individuais simultâneas, a exposição de Raquel Versieux: Retorno ao ferro enquanto aguardo o algodão florescer e a de Victor Mattina: Assim que passou a ver tudo quanto não havia, com texto de apresentação de Fernanda Lopes. A mostra de Raquel Versieux é a terceira individual da artista mineira na galeria e ocupa a Sala Cubo da Athena. Com cerca de 30 trabalhos, a maioria inéditos, a exposição elabora sobre o tempo, a história e a memória, através de desenhos, bordados, uma instalação e um trabalho em neon. A investigação da relação entre a paisagem e o corpo humano, interligado recentemente com práticas colaborativas, são ponto de partida para Raquel Versieux na construção de imagens e objetos. Suas pesquisas criam narrativas em torno da relação existencial entre aquilo que é humano e o não-humano, contextualizadas a partir de eventos políticos e sociais, históricos e atuais, tais como o antropoceno e a ocupação de terra no Cariri Cearense, onde desde 2016 a artista mantem vínculos de trabalho, como sua atuação como professora na Universidade Regional do Cariri e o projeto de arte de base comunitária Manejo Movente.
Por outro lado, em sua primeira individual na Athena, Victor Mattina ocupa a Sala Casa com cerca de sete pinturas inéditas que foram pensadas em conjunto especialmente para esta ocasião e que revelam parte da pesquisa pictórica mais recente do artista carioca. Desde 2010 o artista vem investigando, a partir da pintura, questões relacionadas à opacidade da imagem, autenticidade, reprodutibilidade e autoria. O título da mostra é uma releitura de um trecho da música Gênesis, de Caetano Veloso: “Assim que passou a haver tudo quanto não havia”. O verbo “haver” no original foi substituído pelo termo “a ver”, mantendo a sonoridade original e enfatizando a importância do olhar na pesquisa de Mattina. Seu ponto de partida são imagens encontradas ou produzidas a partir de ferramentas de buscas online e inteligência artificial. Nas pinturas em exposição percebemos como o artista desafia o nosso poder cognitivo, deixando turvas as nossas percepções e possíveis associações visuais. Tendo como consequência a interferência na subjetividade de nossos dicionários imagéticos, nos fazendo chegar mais perto, ou até mesmo dar uns passos para trás, numa tentativa de assimilar o que talvez nos seja conhecido, até descobrirmos que é no desconhecido que surge sua pintura. A tela é o lugar onde o artista cria certa confusão, mas também se estrutura a partir de uma resplandecência luminosa que transcende o binarismo computacional, se aproximando de uma experiência anfigúrica, que traduzida em textura, cor e gestos materializa imagens quase inventadas.
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