uma casa feita de chão é a individual de Raphaela Melsohn na Marli Matsumoto Arte Contemporânea. A obra central da mostra é a instalação um buraco no chão, que ocupa toda a sala da galeria. Trata-se de uma estrutura que levanta o chão em 1 metro e o afunda em um buraco central, servindo de abrigo para toda a exposição. A instalação reconfigura o espaço expositivo e repensa as formas e meios em que os corpos habitam, redimensionando escalas e comportamentos. As esculturas em cerâmica sugerem o encontro de corpos/bichos, ou partes deles, com arquiteturas, mapas, e topografias. Segundo Raphaela, as obras são “feitas de argila, portanto é como esculpir parte do chão mole”. Outros trabalhos expostos são como anotações espaciais ou maquetes para espaços-lugares que não serão construídos. A exposição conta com texto de Dana DeGiulio, que diz em um trecho: “A gente não cai do céu, nem espera isso, nem confia nisso, nem quer isso mais. Ferramentas são extensões do corpo: dentes longos e afiados que rasgam o local da escavação, cuspindo poeira em pilhas organizadas, e o próprio operador, que pode estar mastigando; dedos fortes e borrachudos, centenas deles; garras para abrir coisas (os dentes dos dedos); uma imagem delimitada, suspensa no tempo, com percepção extraída, finita e portátil, a linguagem uma simples bolha em torno de um berro, e basta uma agulha para fazer tudo escoar, para sentir o mundo lá dentro, quente e vermelho. Aqui, um pé ferido, um dedão de verdade entra e sai, faz-se um buraco que não é passagem. As ferramentas voltam a ter a escala da criança no chão, destruidora e reparadora de mundos, deitada entre a cama e a parede. A ferida é uma saída, e também uma entrada. Vive-se o suficiente para entender que todos os corpos são pequenos.” Raphaela Melsohn (São Paulo, 1993) tem interesse em construir espaços a partir e para os corpos humanos. Acredita em fluxos constantes, buracos, rachaduras e formas orgânicas. A fisicalidade e relação aos outros, como existir no espaço, e como o espaço informa ao corpo sua existência são a premissa de seu trabalho. Mestre em Artes Visuais pela Columbia University (2022) e Bacharel em Artes Visuais pela FAAP (2016), tem como destaques entre suas exposições as individuais Vestir armadilha (casamata, Rio de Janeiro, 2016), e investigações em VÍDEO: registro, deslocamento do olhar e formas de pensar, na Temporada de Projetos do Paço (MIS, São Paulo, 2016), entre outras.
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