“Peter Doig: House of Music” na Serpentine South Gallery

Peter Doig. House of Music, 2025. Cortesia da Serpentine South Gallery.

Transformando a galeria em um espaço de audição, a Casa da Música reúne pinturas recentes e, pela primeira vez, integra o som à obra de Doig. A exposição apresenta dois conjuntos de caixas de som analógicas raras e restauradas, originalmente projetadas para cinemas e grandes auditórios. Músicas selecionadas pelo artista – de seu substancial arquivo de discos de vinil e fitas cassete, acumulado ao longo de décadas – são reproduzidas em um conjunto de caixas de som Klangfilm Euronor de madeira de alta fidelidade, da década de 1950.

Cada pintura da exposição interage com a música de uma maneira diferente: algumas retratam espaços onde a música é tocada ou ouvida, outras mostram músicos se apresentando ou pessoas dançando. Muitas das obras foram criadas durante os anos de Doig em Trinidad (2002-21), um período que aprofundou sua relação com a música por meio da cultura dos sistemas de som e do cinema. Combinando memórias pessoais, fotografias encontradas e cenas imaginadas, essas pinturas são moldadas pelo contexto cultural mais amplo de Trinidad. A exposição também incluirá novas pinturas, que Doig criou especificamente para esta exposição em seu estúdio em Londres.

No centro da exposição está um sistema de som original da Western Electric/Bell Labs, produzido no final da década de 1920 e início da década de 1930. Desenvolvido para atender às demandas do som cinematográfico moderno, este raríssimo “telefone falante” consiste em amplificadores valvulados e alto-falantes de bobina de campo energizados pela rede elétrica, projetados especificamente para anunciar a nova era dos “filmes falados”. Esses alto-falantes foram recuperados de cinemas abandonados em todo o Reino Unido por Laurence Passera, com quem Doig colaborou estreitamente neste projeto. Laurence Passera é um especialista londrino e entusiasta dedicado de sistemas de som cinematográfico. Os alto-falantes oferecem uma experiência auditiva única devido ao domínio técnico alcançado em sua construção, que os coloca como os bisavós do áudio moderno de alta qualidade.

Concebido como um ambiente multissensorial, os visitantes são convidados a pausar e permanecer enquanto olham e ouvem, transformando a galeria em um local de contemplação, reflexão e conversa. O título House of Music, refere-se à letra da música Dat Soca Boat do músico calipsoniano de Trinidad Shadow, que Doig admira e retratou em suas pinturas ao longo dos anos. Shadow, 2019 – um retrato do músico em seu icônico traje de esqueleto também está incluído na exposição. Aos domingos, o espaço será ativado pelo Sound Service, uma série de sessões de audição ao vivo. Músicos, artistas e colecionadores – incluindo Nihal El Aasar, Olukemi Lijadu, Ed Ruscha, Samuel Strang e Duval Timothy – compartilharão seleções de suas coleções nos sistemas analógicos. O Sound Service é imaginado como parte integrante do projeto que visa expandir os registros de experiência na House of Music, promover diálogos por meio do ato de escuta compartilhada e construir uma paisagem sonora de Londres. Essas residências informais pretendem estender as ideias da exposição: som como memória, escuta compartilhada como reunião, o alto-falante como escultura e condutor.