“Pintura nasce de pintura”, diz Paulo Pasta sobre a nova série de trabalhos que desenvolveu de maneira sistemática nos últimos dois anos e que apresenta ao público na exposição Pintura de Bolso, que inaugura a nova sala expositiva da Millan. A mostra exibe 90 telas, medindo 10 por 15 centímetros, nas quais Pasta revisita questões caras a sua produção nas últimas quatro décadas, abrindo novas possibilidades de experimentação a partir desse processo de síntese e pesquisa. Como diz o escritor e crítico literário Davi Arrigucci Jr. em texto publicado no livro homônimo que acompanha a exposição, a busca de todo artista é que “o ilimitado caiba no mínimo”. As pinturinhas que Pasta vem realizando têm exatamente essa capacidade de condensação entre a desmesura e a concisão. A nova exposição coincide com um marco importante na trajetória de Pasta: foi há exatos 50 anos que ele iniciou – na prática – a sua relação com a pintura, aos treze anos de idade. “Desde criança sempre quis ser pintor e prometi para mim mesmo que seguiria esse caminho. E o que fiz desde então foi cumprir essa promessa. O adulto que me tornei presta contas a esse menino que fui, exatamente como acontece com um dos personagens de (Jean-Paul) Sartre no livro Idade da Razão.” Em 2024, completam-se 40 anos da sua primeira mostra individual. Trabalhando em paralelo às pinturas de grandes dimensões, que mostrou recentemente em Londres e Nova York – respectivamente em junho e novembro do ano passado – e que algumas vezes chegam a consumir três meses de trabalho, Pasta encontrou no espaço reduzido uma forma de revisitar as principais questões de seu trabalho em pouco tempo e em quantidade. “Tenho uma certa obsessão em me mapear”, confessa. Em Pintura de Bolso, o artista ampliou meios e repertórios, encontrou novas formas de organização espacial e cromática, ousou deixar pedaços da tela em branco, adotou em diversos momentos uma pincelada mais fluída e contrastes de cores um tanto inusuais. A adesão ao pequeno formato tem uma forte dose de acaso. “Vi as telinhas, achei bonitas e comprei”, conta. “Percebi que poderia resolver as questões muito rapidamente, adotando caminhos diferentes”, complementa. “Você nunca faz duas pinturas iguais”, diz o pintor, parafraseando Heráclito, e sublinhando que há sempre uma diferença mínima que aparece no aparentemente igual, testemunhando assim o valor do tempo. A montagem da exposição evidencia a força individual desses trabalhos ao mostrá-los isoladamente ou em pequenos agrupamentos, como manchas de cor distribuídas no ambiente da galeria, evocando conversas ou notações musicais.
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