Patricia Ayres e Kent O’Connor na Mendes Wood NY

Em Critical Mass, Patricia Ayres articula a noção de “Unheimlich” de Sigmund Freud. A incongruência é ecoada através de nove esculturas postulantes, cujas formas sem rosto se distinguem por sua topografia suturada, uma amálgama de elásticos militares manchados dos Estados Unidos, equipamentos de paraquedas e detritos industriais. Cada obra é repleta de equimoses, compostas de óleo ungido, cinzas, tintas, grude e vinho sacramental, uma alusão à coerção institucional. Juntos, esses componentes harmonizam o entrelaçamento do catolicismo e o impacto pervasivo do Arquipélago Carcerário na sociedade americana. O título da exposição, Critical Mass, remete à base conceitual enigmática das esculturas e suscita a questão de onde essas manifestações se situam. Elas são um réquiem de transgressões familiares em desafio ao dogma religioso? São indicativas de um ponto de inflexão social? Ou as encarnações semelhantes a corseletes são uma meditação sobre o impacto da prisão? A ligação inextricável de Ayres costura o pessoal e o institucional. Por outro lado, a exposição Everything All At Once, de Kent O’Connor, reúne retratos, uma série de autorretratos, pinturas de paisagens e cenas de interiores para a primeira apresentação individual do artista na cidade de Nova York. O’Connor não considera suas cenas de interiores como naturezas-mortas, em vez disso, ele as chama de “pinturas de mesa” ou simplesmente objetos sobre uma mesa. Uma obra-chave na exposição, A Bigger Table (2022-23), exemplifica isso: uma bola de praia, um cacto envelhecido, um pão “Challah”, uma lagosta, tulipas pitorescas e um jarro de água Crystal Geyser, todos espalhados com diferentes perspectivas e ocupando diferentes planos, reunidos de forma improvável pela superfície compartilhada da mesa. Nomeando cada objeto como um “ator” dentro de seu próprio drama, esses são mundos construídos de objetos desajustados, cujos significados simbólicos são desconstruídos pelas experiências do próprio artista.