A Galeria Bianca Boeckel apresenta a exposição coletiva Panteão de Lampejos, que reúne os trabalhos de quatro artistas – Mariana Tassinari, Marina Schroeder, Mirela Cabral e Nathalie Ventura – em uma investigação sensível sobre a memória, a transitoriedade e as formas efêmeras que compõem a nossa identidade coletiva e individual. Com curadoria de Theo Monteiro, a exposição propõe uma reflexão sobre como os vestígios de nossa história, cultura e existência são mantidos, transformados ou dissipados ao longo do tempo. Panteão de Lampejos explora o processo contínuo de transformação da matéria e da memória, usando as obras das artistas para falar sobre aquilo que permanece, por vezes de forma fragmentada, como um rastro que nunca se fixa completamente. Nas palavras do curador:
Mariana Tassinari injeta dinamismo e vivacidade a formas aparentemente vazias e abstratas. Em uma recente série de trabalhos – um conjunto de bordados – pequenas e coloridas silhuetas se projetam ante fundos igualmente coloridos. Ainda que o trabalho possua certa inclinação pictórica, a artista faz questão de deixar as tramas e tessituras dos fundos, bem como as texturas macias das figuras do primeiro plano. Tratam-se de motivos abstratos, que em alguns momentos parecem prestes a se transformar em algo, no caso dos mais solitários, ou, quando se trata dos conjuntos, parecem buscar algum encaixe, juntar-se para fazerem parte de um todo.
Marina Schroeder, nos seus Revelados, pinturas a óleo sobre papel vegetal revestido de leves camadas de cimento e fragmentos de rosas, apresenta o que parecem ser resíduos de antigas imagens, já muito gastas. A atmosfera geral da composição é plúmbea, densa, escurecida. Os motivos ali presentes são conformados por traços espessos e muito escuros, como se tivessem que se impor sobre um entorno completamente arruinado. Olhando, tem-se a impressão de que estamos diante de um absoluto destroço, como uma cidade após sofrer um bombardeio. Contudo, os densos contornos dos seres e coisas retratados indicam que algo parece ainda subsistir, e com força.
Mirela Cabral, cuja linguagem principal é a pintura, aqui se aventura em alguns curiosos bordados que de tempos em tempos revisita em sua prática. Se em sua pintura camadas e matérias se acumulam, aqui a artista se concentra no essencial, nas principais forças que agem sobre o cosmo. Com humildade, reconhece sua dinâmica, e busca não uma resposta, mas uma pista, um caminho, um comentário breve, retendo delas apenas o que é visível nessa aparição.
Nathalie Ventura, em Memorial para todas as Montanhas que se foram, apresenta um trabalho instalativo em que emergem do chão placas de mármore de Carrara e contrapiso. Sólidas, mas de aparência gasta e quebradiça, parecem evocar montanhas, serras, cordilheiras e acidentes geográficos. Essa evocação é sugerida pela silhueta e posição das placas; afinal, trata-se de uma recordação, um vestígio. A paisagem em si não está mais lá, vemos apenas detritos e fragmentos do que um dia talvez tenha sido grandioso e imponente.
Panteão de Lampejos é uma exposição que une essas quatro abordagens artísticas distintas, mas complementares, em uma jornada pelas memórias, pela transformação da matéria e pelas múltiplas narrativas que compõem a nossa percepção de nós mesmos e do mundo à nossa volta. Ao explorar a beleza dos fragmentos, as artistas nos convidam a refletir sobre o que nos compõe, sobre o que permanece e sobre o que se perde, em um jogo constante entre o que é sólido e o que se dissolve.
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