Os artistas Beto Fame e Vinícius Carvas inauguram a exposição Panoramas no dia 21 de setembro de 2024 (sábado), das 13h às 18h, no Espaço Cultural Correios Niterói, com texto crítico de Paula Amparo. A mostra, fruto da parceria entre os artistas que têm como foco de pesquisa o espaço urbano do Rio de Janeiro, destaca um grande painel de 9 metros, organizado como um mosaico, composto por 17 pinturas inéditas em dimensões variadas, com 1,80 metros de altura. Além das pinturas, os artistas apresentarão no espaço trabalhos em fotografias e colagens.
As obras em pintura que integram o painel são, em sua maioria, desenvolvidas em acrílica e pastel oleoso sobre tela. Beto Fame apresentará oito pinturas, enquanto Vinícius Carvas terá nove trabalhos expostos. As dimensões das obras variam de 30 x 30 cm a 1,80 x 1,50 cm, oferecendo uma diversidade de escalas que dialogam com o espaço expositivo. Algumas telas apresentam simulações de rasgos, texturas e volumes, criando o efeito visual de colagens.
O conceito explorado pelo antropólogo inglês Colin Turnbull nos anos 1960 foi o ponto de partida para a exposição. Turnbull observou que, por viverem em florestas densas, os pigmeus do Congo tinham dificuldade em perceber a escala de objetos em grandes distâncias, confundindo búfalos distantes com pequenos insetos ao verem a savana pela primeira vez. Isso evidencia como o ambiente influencia a percepção espacial. Beto e Vinícius desenvolvem suas obras com base na percepção do entorno, em um recorte individual que se relaciona com o conceito de macro e micro. Enquanto Beto documenta a arquitetura ordinária em uma visão panorâmica da paisagem do topo de um prédio, Vinícius busca, no colecionismo de crônicas cotidianas, um olhar aproximado sobre elementos gráficos desse local e tempo.
“Fame e Carvas são amigos de infância e frequentaram o mesmo colégio. Uma vez, a professora pediu para cada um desenhar o seu respectivo ponto de vista do carnaval: Carvas, no turno da tarde, retratou um mestre-sala e uma porta-bandeira, enquanto Fame, no turno da manhã, desenhou uma vista aérea, na qual os foliões foram figurados como pontinhos. Em 2021, Carvas rememorou essa história, pois foi um momento de conscientização de que a representação em imagem do que é visto varia de acordo com a perspectiva do observador”, destaca Paula Amparo no texto crítico de Panoramas.
Ambos iniciaram suas práticas artísticas no muralismo, fazendo intervenções urbanas na zona norte do Rio de Janeiro há cerca de 20 anos, onde experimentaram a rua como suporte. O muralismo proporcionou-lhes o aprendizado de soluções visuais impactantes em grande escala, em colaborações diversas entre si e com outros artistas. A parceria para Panoramas pretende aproximar o visitante, imergindo-o em um extenso painel que relaciona os dois pensamentos antagônicos em um mesmo plano.
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