Bernardo Ramalho, “Peixe Branco”, 2025 – Imagem / Divulgação
No próximo sábado, 28 de junho, o Instituto Comadre e o Largo das Artes inauguram O Mar e o Morcego, exposição individual de Bernardo Ramalho. A mostra apresenta sua nova série de desenhos em pastel oleoso sobre tela de nylon, produzida em seu apartamento-ateliê em Niterói, em diálogo direto com a paisagem da Praia de Boa Viagem e o Morro do Morcego.
Após uma temporada em Portugal, o artista retornou ao Brasil e reencontrou essa paisagem cotidiana — que reaparece como presença estruturante no processo de criação das obras reunidas na exposição.
A série foi desenvolvida a partir de uma prática meditativa e contínua, em que o desenho acontece em relação direta com o entorno e com os materiais disponíveis. Em seu ateliê-casa, Bernardo desenhou sobre tecido de nylon apoiado em um espelho encostado na parede oposta à varanda. A superfície lisa favorece o deslizamento do giz pastel oleoso enquanto seu olhar se depara no encontro entre o mar e o Morcego.
A escolha do suporte veio do acaso: um pedaço de tela de silk, deixado por um amigo, acabou integrado ao processo. É a partir desse tipo de encontro que o artista estrutura seu fazer, aberto ao que chega, ao que aparece no seu percurso, e permitindo com que seu traço flua por conta própria.
Na exposição, os desenhos se expandem entre obras em chassi e intervenções feitas diretamente na parede, criando uma instalação que ocupa o espaço como um organismo em expansão. Essa convivência entre o efêmero e o duradouro reflete a lógica dos ecossistemas: formas que se desenvolvem juntas, em continuidade, num ambiente de coexistência como organismos vivos habitantes de uma floresta.
Linhas se completam, se transformam, se conectam. Assim como o tempo e os ciclos naturais, os desenhos seguem seu curso, respeitando os ritmos do acaso. Há, nos gestos do artista, uma escuta atenta ao que cresce ao redor: como raízes e micélio que se encontram nas entranhas da terra, como espécies que se apoiam mutuamente para existir.
A mostra propõe, assim, uma ideia de paisagem viva — construída a partir de relações, camadas e presenças em transformação.
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