Mario Cravo Neto, “Deus da cabeça”, 1988 – Divulgação
A Galeria Mario Cohen inaugura a exposição “O Eterno Agora – Mario Cravo Neto: Um Novo Recorte”, em parceria com o Insttituto Mario Cravo Neto. A mostra apresenta uma seleção de imagens da série homônima de Mario Cravo Neto. A série “O Eterno Agora”, com fotografias em preto e branco realizadas em estúdio, marcou a trajetória do fotógrafo baiano e é considerada sua obra mais importante por reunir os principais elementos de sua poética visual. A série foi exposta em 1992 no The Witkin Gallery, New York; Frankfurter Kunstverein, Frankfurt e Museum of Photographic Art, San Diego, 1994; em 1995 no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, em São Paulo; Fahey/Klein Gallery, Los Angeles, 1998; e Sicardi Sanders Gallery, Houston, em 1999. Posteriormente, estas fotografias integraram o livro “The Eternal Now” publicado em 2002.
Ao longo das décadas de 1950 e 1960, Mario Cravo Neto conviveu com figuras da cena cultural baiana, como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil, com quem estabeleceu amizades e trocas culturais. Nesse período, também se aproximou do fotógrafo e antropólogo francês Pierre Verger, que influenciou seu interesse pelas tradições do candomblé, e o cotidiano e a cultura popular da Bahia, temas que se tornaram centrais na identidade fotográfica de Cravo Neto.
As imagens de “O Eterno Agora” foram produzidas após um acidente automobilístico, em 31 de maio de 1975, que deixou Mario Cravo Neto com as pernas imobilizadas por cerca de um ano. Durante esse período, ele passou a fotografar em ambiente controlado, direcionando seu olhar para a apropriação de objetos usados em suas composições fotográficas e convidando pessoas próximas para posar sobre um fundo neutro, feito com uma lona de caminhão velha e desbotada. O fotógrafo estava atento à forma como as lonas que cobriam caminhões possuíam texturas cravejadas pela ação do tempo. Esse recurso se tornaria um elemento recorrente em seu trabalho nos anos seguintes. Sobre essa fase, o artista afirmou: “Como passei esse período deitado, um ano entrevado, precisei de mais outro ano para voltar a me locomover. Foi assim que decidi começar a fotografar em estúdio. Nunca tinha feito isso antes do acidente, só trabalhava na rua. Iniciei a fase que chamo de o fundo neutro e meus personagens”. Para Edward Leffingwell, que escreveu o texto de introdução do livro The Eternal Now, “Como pedestais integrados à escultura que apoiam, as imagens de Cravo Neto são oferendas de um profundo sentir”.
Em 2002, por ocasião do lançamento do livro, Eder Chiodetto escreveu na Folha de S. Paulo que Mario Cravo Neto não buscava imagens, mas sim “narrativas do que está presente e raramente visível”. Neste período que o fotógrafo teve sua mobilidade reduzida após o acidente, seu trabalho também passou a incorporar procedimentos próximos aos da escultura, influência direta de seu pai, o escultor Mario Cravo Júnior.
Mario Cravo Neto afirmou que as fotografias de O Eterno Agora “São imagens de estúdio de cunho poético e interpretativo ligadas às minhas raízes familiares e afro-baianas”…“O título refere-se ao tempo em que o momento fixado passa a ter um novo significado, uma nova vida, uma nova referência”.
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