Apesar das semelhanças semânticas entre “ócio” e “cio”, duas palavras em português, elas têm significados diametralmente opostos. Associados à dimensão materna da Terra, as diferenças que as definem qualificam todas as formas de vida governadas por ciclos de fertilidade e pausa. Uma vez que “cio” é o equivalente que complementa e define “ócio”, desconsiderar a integração de ambos equivaleria a separar o nascimento da morte e ambos do ressurgimento, como exemplificado pelas sementes que precisam “morrer para crescer”, conforme Gilberto Gil canta em sua música “Drão” (1982), dedicada aos ciclos de crescimento do afeto. A música popular brasileira está na raiz da exposição-laboratório “O cio da terra | Ócio da terra”, onde artistas e agricultores de diferentes gerações têm trabalhado juntos para combater o avanço de soluções que devastam a biodiversidade. O cerne deste projeto está nos versos da música da qual ele tira seu título, escrita e composta por Milton Nascimento e Chico Buarque. De fato, “acariciar a terra | conhecer os desejos da terra” pluraliza como o duo natureza-cultura se relaciona, ecoando a ideia de que satisfazer a Terra envolve se envolver com seus desejos, o que equivale a cuidar das várias formas de vida que nascem, morrem e renascem dentro dela.
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