Livremente inspirada no drama marginal de Nelson Rodrigues, O Beijo no Asfalto evoca a cidade – o espaço da tragédia – como terreno da farra. No encontro entre carne e asfalto, tais lábios revelam aqui uma erótica que desorienta a ordem do dia: onde o desejo desbunda, reposiciona-se a norma.
O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, emerge como um gesto radical, um ato de amor que, ao contrário de sua superfície doce, é um golpe subterrâneo na ordem moral da cidade carioca. O beijo público, entre dois homens, não é apenas um símbolo de afeto, mas uma subversão profunda da normatividade sexual. O asfalto, essa superfície dura e cruel da cidade, é manchado pelo que não pode ser contido: o desejo reprimido que escorre pelas frestas das convenções sociais. No embate entre os corpos e as normas, o beijo é um ato de resistência, um gesto de rebeldia amorosa que tensiona o tecido moral da urbe e desafia o regime cisheteronormativo.
Se o beijo no asfalto simboliza uma ruptura com a normatividade moral, ele também pode ser lido como uma metáfora política. O beijo é um gesto de transgressão, mas também de resistência: desafia a ordem estabelecida, questiona as normas sociais e expõe a hipocrisia da moralidade burguesa. Nesse contexto, a marginalidade se torna um espaço de potencial transformação.
A mostra ficará em cartaz do dia 21 a 29 de setembro, durante o período da 14ª edição da ArtRio 2024, e trará obras de artistas como Allan Weber, Amadeo Luciano Lorenzato, Anísio Couto, Carlos Vergara, Heitor dos Prazeres, Hélio Oiticica, Ivens Machado, Matheus Chiaratti, Melissa de Oliveira, Miriam Inêz da Silva, Richard, Ubi Bava, Val Souza, Vera Chaves Barcellos, Victor Arruda e Yhuri Cruz.
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