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Nour Mobarak na Galleries Now
2 junho, 2023 - 11:00 - 23 setembro, 2023 - 18:00
Esta exposição apresenta obras que surgiram de uma releitura da ópera La Dafne, de Jacopo Peri e Ottavio Rinuccini. A partir da pergunta “E se a fala se transformasse em música?”, a linguagem é explorada como um meio de transformar histórias em canções. Se a ópera no Ocidente nasce desse gesto, é significativo que tenham escolhido o mito de Dafne, das Metamorfoses de Ovídio, para servir como sua figura central. Apolo, atingido por Cupido, se apaixona por Dafne, que se importa apenas com a caça. Quando está prestes a atacar Dafne, ela escapa se transformando em uma árvore de louro. Ele fica apenas com um louro, que se torna um símbolo de conquista e vitória, e ela fica presa no corpo de uma árvore para sempre. A transformação de Dafne em árvore representa a transição do animado para o inanimado, assim como a transição de divindade para objeto devocional ou de trabalho colaborativo para mercadoria. No entanto, alguns fenômenos desafiam essa trajetória, como por exemplo, as esculturas cultivadas a partir de micélio saprófita, uma forma de fungo que se alimenta de morte e decomposição e que pode permanecer em estados de dormência inalterada indefinidamente, mas tem o potencial de ser reativado e alterado se for estimulado. Além disso, resina e plástico, materiais modernos e indestrutíveis, também estão materialmente presentes na exposição. Se o avanço tecnológico (ou pelo menos suas fantasias comerciais) um dia transformará a morte no luxo supremo, as perguntas sobre o que pode separar os vivos dos mortos se tornam menos retóricas – menos operísticas, até mesmo. No entanto, o som de Dafne, descrito por Ovídio como um coração ainda pulsante perceptível no tronco de uma árvore com raízes crescendo lentamente, não é nada menos do que a persistência dessa pergunta. Essa pergunta persiste como o surgimento da possibilidade de reanimar o inanimado.