Ao longo dos anos, Nino Cais vem depurando pacientemente o sentido escultórico de sua produção poética. A exposição que nos guia pelo signo “Clarão” contempla de modo muito evidente a força expressiva do corpo – nossa forma de presença aos olhos do mundo. Fiel aos objetos do cotidiano, ao seu repertório íntimo e formativo (que passa pela semântica católica e familiar), o artista nos entrega um conjunto consistente de trabalhos, agregando símbolos, utensílios, palavras, equilíbrios, desenhos e composições. Por isso, ele nos deixa perceber que a condição política da arte é inerente a quaisquer gestos artísticos. São gestos contaminados, nem sempre manuais, que implicam a efeméride da presença e de sua memória. Portanto, três balizas principais parecem definir a atuação artística de Nino Cais: a evocação de uma base de afetos e memórias que constituem sua história, o apreço continuado pela força intuitiva da criação e um olhar depurado e amplificado da linguagem escultórica – tanto a partir de uma tradição da história da arte brasileira, como da exploração experimental de seus sentidos por meio de outras mídias e suportes. É desse colchão conceitual e triangular que o artista nos aponta um sentido de direção, um norte-guia de sua percepção crítica do fazer artístico. No contexto de sua nova exposição, o corpo ou a imagem do artista comparece de maneira menos literal, menos explícita. Há não ser pela clássica imagem em que o artista se põe em um lugar de equilíbrio escultórico, todas as demais obras evocam a presença do corpo mais pela transmutação fática em objetos – esses, por hora, são a própria representação do seu corpo, de sua presença. Agora, já longe dos seus autorretratos e colagens de outrora, o artista traz o seu próprio físico na memória dos objetos – utensílios, roupas, móveis – que arranja e rearranja em suas composições.
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