A M+B apresenta “Mutações e Transmutações”, uma exposição de novas obras de Lu Ferreira. Esta é a primeira mostra individual do artista na galeria. A exposição será inaugurada no dia 29 de junho e permanecerá em exibição até 31 de agosto de 2024, com uma recepção na galeria das 18h às 20h.
Lu Ferreira vive e trabalha na cidade de Olinda, Pernambuco, no nordeste do Brasil, onde explora suas percepções dentro da natureza abstrata através da pintura, desenho livre, colagem e artes performáticas. As pinturas de Ferreira utilizam uma técnica que ele descreve como lavar as pinturas, muito parecido com lavar roupa à mão. Após adicionar várias camadas de tinta à tela, Ferreira as embebe e esfrega até que as camadas de tinta se tornem translúcidas, criando uma interação única entre as camadas da tela, obscurecendo e recuperando memórias fluidas no intervalo temporal. Esse processo não só adiciona uma profundidade visual às obras, mas também incorpora uma espécie de poética corporal à tela, onde cada pincelada física se torna uma expressão de efemeridade e transmutação. Além da técnica de lavagem, Ferreira se desvia da pintura tradicional com suas seleções de materiais. Em suas obras, objetos do cotidiano como buchas, escovas de aço e vassouras são reaproveitados como implementos para pintar na tela após o processo de lavagem. Ao usar esses materiais incomuns para fazer suas marcas, ele expande a linguagem de cada peça, adicionando dimensão e trazendo o ordinário ao centro do processo criativo. Inspirado pela música jazz e pelas respostas do corpo à intensidade dos ritmos musicais “quentes” (rápidos e agudos) e “frios” (lentos e graves), Ferreira pinta cada camada da tela como se fosse uma criação distinta, semelhante a uma página de caderno preenchida. Uma vez que essa camada densa é concluída, como um desenho terminado ou um livro totalmente escrito, ele inicia o processo de lavagem, borrando suavemente a tela para gradualmente revelar suas camadas subjacentes.
Antes de ser reconhecido como artista, Ferreira era profundamente fascinado pelo conceito de efemeridade, encontrando significado em tudo o que poderia ser descartado como sem importância através de novas perspectivas e trocas de ideias. Ele explica: “Percebi que o tecido que eu estava pintando tinha a mesma estrutura que um tecido celular observado ao microscópio e seria escondido ou ossificado com o gesso. Já lavei uma tela 280 vezes, o que é um processo fisicamente exaustivo. Mas eu só quero extrair o suco das coisas; sou apenas o condutor dessa lavanderia.”
Nesse sentido, seu trabalho investiga uma ampla gama de elementos, incluindo ordem, células humanas, corpos em trânsito, transmutação de objetos (por exemplo, desenvolver uma obra com papel crepom) e tudo o que não pode ser dito, mas expresso na tela. Em “Mutações e Transmutações”, Ferreira convida o espectador a imergir em seu universo abstrato, onde formas e cores se fundem para criar uma experiência sensorial única. Cada obra é uma reflexão sobre a impermanência, capturando momentos fugazes e transformando-os em momentos atemporais. “Quero inventar uma linguagem através do uso de objetos não convencionais para narrativas de pintura, para criar revelações”, ele enfatiza. As obras narram as experiências que marcaram a jornada de Ferreira como um homem negro, periférico e nordestino, e como seu corpo reage e, finalmente, se engaja com o mundo.
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