Foto: Rafaela Kennedy
O Museu Afro Brasil inaugura três exposições que ampliam os sentidos do acervo e aprofundam os diálogos entre arte, espiritualidade e memória afro-diaspórica.
No dia 12 de abril, o Museu Afro Brasil Emanoel Araújo inaugura três novas exposições que reafirmam seu papel como espaço de escuta, acolhimento e construção de narrativas plurais sobre a experiência negra no Brasil e no mundo. As mostras ocupam diferentes áreas da instituição — da marquise ao térreo — e marcam também a abertura da nova Sala de Projeção do museu, dedicada à exibição de obras audiovisuais.
Sob a direção de Hélio Menezes, o museu aprofunda seu processo de reestruturação curatorial com iniciativas que tensionam as fronteiras entre o artístico e o institucional, convocando o público a participar de uma experiência museológica expandida, sensível e crítica. As exposições recém-inauguradas ampliam os diálogos do acervo, introduzindo novos artistas e perspectivas que entrelaçam arte contemporânea, espiritualidade e ancestralidade.
“Proteção”, de Rafaela Kennedy
Instalada na marquise do museu — espaço de acesso livre e contínuo — a exposição “Proteção”, da artista visual e fotógrafa Rafaela Kennedy, apresenta uma série de retratos que evocam relações de cuidado e acolhimento no universo da espiritualidade afro-brasileira. Os corpos travestis, tradicionalmente excluídos dos espaços institucionais e espirituais, aparecem aqui como centros de potência, bênção e presença.
Em cada imagem, Kennedy constrói um território afetivo onde mães biológicas, de criação e espirituais ancoram existências dissidentes com amor e dignidade. O trabalho se desdobra também como homenagem à força coletiva das comunidades afro-indígenas e LGBTQIA+, propondo uma cartografia emocional onde espiritualidade e transgeneridade não se excluem, mas se entrelaçam.
“Acervo em Perspectiva: M’barek Bouhchichi, Nen Cardim, Washington Silvera”
Na mostra “Acervo em Perspectiva”, a primeira de uma série dedicada a novos arranjos curatoriais do acervo do museu, os artistas Washington Silvera, Nen Cardim e M’barek Bouhchichi propõem aproximações sensoriais e materiais com a coleção permanente.
Madeira, vidro e terra são os elementos que articulam esse encontro entre dois artistas brasileiros e um marroquino. Apesar do uso comum de certos materiais, cada um deles percorre caminhos singulares entre escultura e instalação, ativando o espaço expositivo como campo de experimentação tátil, simbólico e territorial. A proposta estabelece vínculos poéticos entre África e Brasil sem fixar categorias ou narrativas totalizantes.
Sala de Projeção + exibição do filme “Thinya”, de Lia Letícia
Com a estreia da Sala de Projeção, o museu inaugura também sua vocação para o audiovisual como linguagem museológica. A primeira obra exibida é “Thinya”, filme de Lia Letícia que atravessa arquivos e línguas para reconstruir criticamente o passado colonial.
O ponto de partida é um conjunto de álbuns de família encontrados em um mercado de pulgas em Berlim. As imagens de Inge, mulher branca europeia, são reposicionadas como se ilustrassem relatos de viajantes no Brasil colonial, narrados em yathee, língua do povo indígena Fulni-ô. Ao embaralhar os códigos do arquivo e da memória, o filme desmonta os regimes visuais de representação colonial e propõe novas formas de narrar a história a partir do presente.
*Entrada gratuita no dia da abertura
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