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Mostra de Vídeo Pivô na Galeria Vitrine
2 março, 2023 - 11:00 - 26 março, 2023 - 19:00
Nos últimos meses, Fernanda Brenner, diretora artística do Pivô, e Niels Van Tomme, curador do espaço Argos (Bruxelas), colaboraram com Santiago Muñoz na criação de uma nova versão instalativa de Oriana, o primeiro longa-metragem da artista, de 2022. Após uma apresentação inicial no Pivô em São Paulo, Santiago Muñoz filmou cenas adicionais, que foram acrescentadas ao material original, criando uma experiência audiovisual intrincada através dos dois andares do edifício Argos. Como desdobramento da mostra, o Pivô organizou uma mostra de vídeos, realizada simultaneamente na Galeria Vitrine e também na instituição belga que recebe a itinerância, como parte do programa Argos TV. A sessão de vídeos reúne a produção de artistas que, de alguma forma, dialogam com a pesquisa de Beatriz Santiago Muñoz. Os trabalhos exibidos são Writing Desire, de Ursula Biemann, que versa sobre a relação entre palavras e corpo e a criação do desejo. O vídeo, de ritmo acelerado, associa o desejo romântico e sua escrita, por meio de tecnologias de comunicação eletrônica, à crescente desencarnação da sexualidade e das relações de gênero comercializadas. O mercado de noivas em expansão surge como um site onde a troca virtual e física de corpos convergem. O vídeo examina as diferentes subjetividades produzidas através deste intercâmbio tanto no mundo industrial quanto nos países pós-socialistas e do sudeste asiático e analisa seus respectivos desejos. Já Yoko Osha Chapter III or The first day is the day of the river, de Lazara Albear Rosell, é o terceiro e último capítulo da trilogia Yoko Osha. É um retrato autoetnográfico, sensorial e multicamadas da Santeria ou Regla de Osha (As regras dos deuses); a religião afro-cubana, importada à força da África Ocidental com o comércio de escravos e falsamente sincrética para a sobrevivência. Não mais punida pelo governo, a prática é ainda mais florescente, pois a situação socioeconômica da ilha continua precária para a maioria da população. Como proposto nos capítulos anteriores, Lazara Rosell Albear passou pela cerimônia de iniciação de 7 dias. Uma coroação, um renascimento, um evento altamente performativo. No filme, elogia-se o corpo como uma linguagem, espontaneidade e improvisação. Le Roi n’est pas mon cousin, de Annabelle Aventurin, conta como a autora do livro Sunny Karukera, Stranded Guadeloupe (1980), Elzea Foule Aventurin, engajou-se em 2017 em uma série de entrevistas com sua neta, a cineasta em questão. Juntas, elas traçam – não sem uma dose de maldade – uma história familiar, navegando de um lado do Atlântico negro para o outro. Uma história de silêncio, orgulho e revolta. Finalmente, Ardélia Istarú fala sobre seu filme, Pruebas: “Em 1982, acompanhando meu pai a Paris, minha mãe costarriquenha enviou uma série de cartas a seus pais quando chegou à capital francesa. Quarenta anos depois, encontrei estas cartas e revisitei uma história cheia de dor para entender melhor minha própria chegada no continente.”