Ministério da Cultura, Nubank e Instituto Tomie Ohtake apresentam Mira Schendel – esperar que a letra se forme, uma exposição com curadoria de Galciani Neves e Paulo Miyada, que explora a presença dos signos gráficos, da letra e da palavra na produção artística de Mira Schendel (1919–1988). Reunindo mais de 250 obras, entre pinturas, monotipias, desenhos, cadernos, objetos gráficos e uma instalação, a mostra é dividida em sete núcleos, convidando o público a imergir na presença da palavra na produção artística de Mira e suas interligações. A exposição será inaugurada no dia 24 de outubro, concomitantemente à exposição Carlito Carvalhosa – A metade do dobro.
Mira Schendel – esperar que a letra se forme integra o programa semestral palavra palavra palavra, iniciado com o projeto Poesia em presença – Entre cenas, slam, spoken word e rap, e que contará ainda com o lançamento da publicação Caderno-ensaio 2: Palavra. Esta exposição conta com o patrocínio do Nubank, através do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura, Programa Nacional de Apoio à Cultura e Governo Federal – Brasil, União e Reconstrução.
Reconhecida como uma das artistas mais significativas da arte brasileira do século XX, Mira Schendel nasceu em Zurique, na Suíça, com ascendência judaica, tcheca, alemã e italiana. Devido à perseguição antissemita, fugiu para o Brasil em 1949, onde viveu e produziu grande parte de sua obra, dialogando com a Poesia Concreta, o Neoconcretismo e as experimentações artísticas das décadas de 1960 e 1970.
Neves e Miyada assinalam que Schendel desafiava a si mesma, buscando formas de atribuir sentido ao efêmero. Foi em um manuscrito da artista, por exemplo, que os curadores encontraram o título da exposição, “esperar que a letra se forme”, e de lá extraíram também o seguinte trecho, presente no texto curatorial:
“A sequência das letras no papel imita o tempo, sem poder realmente representá-lo. São simulações do tempo vivido, e não capturam a vivência do irrecuperável, que caracteriza esse tempo. Os textos que desenhei no papel podem ser lidos e relidos, coisa que o tempo não pode. Fixam, sem imortalizar, a fluidez do tempo.”
A curadoria estruturou a montagem em sete núcleos sustentados de maneira fluida pela cronologia da artista. No núcleo “Chegada ao Brasil e à palavra”, que abre a exposição, o público acompanha o percurso da artista, desde as representações esquemáticas de objetos até composições abstratas e experimentos com elementos gráficos. Destaque para as obras dos anos 1960, quando Mira incorpora rótulos e textos em seus trabalhos, trazendo a palavra escrita para o centro de suas composições.
Em “Escritura-desenho estruturando espaços”, estão desenhos feitos com nanquim e carvão que exploram a relação entre palavra e espaço, combinando letras, signos gráficos e gestos caligráficos. Segundo a curadoria, Haroldo de Campos descreveu essa “arte-escritura” de Mira, na qual o signo gráfico se torna uma questão estética e uma forma de fabulação de espaços.
Em “A palavra em espiral”, encontram-se trabalhos que trazem palavras em diferentes idiomas, sobretudo italiano e alemão, línguas que a artista herdou dos pais, que aparecem junto ao português, língua oficial do Brasil. Para a curadoria:
“Essa diversidade de expressões e pronúncias efetiva a palavra no trabalho da artista como uma espécie de acontecimento de enunciação de algo, como se escrever/desenhar as letras e sua decodificação realizassem o que ali está posto. A palavra instaura, assim, uma situação.”
O núcleo “Arte: encontro com o corpóreo” destaca os Toquinhos, tanto os feitos em papel de arroz quanto os em acrílico. Entre as séries homônimas, os decalques de letraset são o elemento comum. Em “Refluir de páginas fechadas e abertas”, estão os cadernos de Mira Schendel. A curadoria aponta que:
“Essas obras – feitas, em sua grande maioria, no ano de 1971 – são exercícios de composição em papéis encadernados, perfurados, grampeados ou colados, como brochuras ou simples aglomerados de páginas. A artista utilizou centenas de conjuntos de folhas, de muitas dimensões, que, compreendidos em sua sequencialidade, formam um percurso no tempo e no espaço.”
Completam a exposição os núcleos “Monotipias e objetos gráficos”, duas das mais conhecidas séries da artista, e “Ondas paradas de probabilidade, um sussurro”, que apresenta a instalação “Ondas Paradas de Probabilidade”, sua obra de maior dimensão.
Paralelamente à mostra de Mira Schendel, o Instituto Tomie Ohtake inaugura Carlito Carvalhosa – a metade do dobro, a primeira retrospectiva abrangente sobre a produção artística de Carlito Carvalhosa (1961–2021). Com cerca de 150 obras que datam de 1984 a 2021, a mostra tem curadoria conjunta de Ana Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada.
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