Luiz Gama (Salvador, 21 de junho de 1830 – São Paulo, 24 de agosto de 1882), advogado, abolicionista, orador, jornalista e escritor brasileiro e o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil, deixou uma extraordinária biografia e seu legado é a base para a exposição fotográfica Memorial Luiz Gama – 10 Anos, em exibição de 26 de novembro de 2023 a 31 de março de 2024, no Sitio da Ressaca, equipamento do Museu da Cidade de São Paulo, que reabrirá com essa exposição depois de três anos fechado para restauro predial.
Dividida em dois tempos, 2013, quando foi inaugurada a primeira edição da exposição, e 2023, com atualização de textos e imagens, a mostra traz análises e homenagens póstumas e fotos históricas de Luiz Gama e outros personagens negros, anônimos ou históricos, um reflexo da atuação de Gama pela República e, especialmente, pela Abolição da Escravatura. As novas imagens e os novos textos miram para uma sociedade onde o letramento racial evoluiu bastante nos últimos dez anos, embora os desafios ainda sejam quase do mesmo tamanho.
Sob a curadoria de Max Mu – criador e gestor da Cia Um Brasil de Teatro e Artes-, Memorial Luiz Gama – 10 Anos traz imagens capturadas por grandes nomes da nossa fotografia: o “mestre da cor” Walter Firmo, seu filho Duda Firmo, em imagens que utilizam grafismo, textura, metafísica e metalinguagem, Eustáquio Neves e sua obra fotográfica de caráter étnico-cultural, Denise Camargo, cuja atuação artística abrange a poética das relações, as matrizes ancestrais das diásporas negras, os corpos, os territórios de resistência social e política, e Deka Carvalho, com seu estilo natural, sensível e profissional.
Com uma atuação virtuosa e de vanguarda no direito, na arte, na imprensa, na política, na educação e na filosofia Luiz Gama põe em xeque os alicerces do racismo estrutural e institucional que garantem a manutenção dos privilégios dos escravocratas por séculos. O nefasto legado escravista desse país, por vezes, cria uma verossimilhança entre as relações de classe e raça capaz de confundir ou unificar 1800 a 2024.
Luiz Gama morreu sem ver a República ou a Abolição. Em ambas, suas contribuições foram fundamentais a ponto de ser um grave erro histórico, o esquecimento de Luiz Gama no entendimento de nossos processos abolicionistas e republicanos.
“A atemporalidade da exposição pretende ‘desconfundir’, distanciar-nos de uma visão colonial onde graves desigualdades imperam, estabelecendo uma conexão com a utopia da mais alta virtude, onde poderemos pelo menos inspirar, ou nos inspirar, caso vivê-la seja ainda apenas um sonho”, diz o curador.
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